Novembro foi o melhor mês de sempre em várias bolsas mundiais e, para já, as subidas continuam em dezembro. O índice Dow Jones já ultrapassou os 30 mil pontos, o S&P 500 acumula uma valorização de 14% este ano e o Nasdaq avança mais de 40% no mesmo período. Algo parece não fazer muito sentido neste cenário de pandemia e consequente recessão económica global…
Os mercados acionistas parecem “caros” e, analisando várias métricas, a subida estará a ser demasiadamente exuberante. Um dos indicadores clássicos é a diferença entre o valor do índice e a média móvel de 200 dias – o S&P 500 está 17% acima dessa referência, mais do que a média histórica e a maior distância desde 2009. Outro indicador muito utilizado é o do grau de alavancagem no mercado (“margin debt”).
A dívida é quase sempre o “combustível da exuberância” e as análises mostram que os investidores estão em níveis máximos de alavancagem. Finalmente, a análise da confiança dos investidores institucionais e do retalho mostra que os primeiros – “smart money” – estão muito menos otimistas (21%) do que os segundos – “dumb money” – (90%). Estes indicadores mostram que há condições para uma correção nos mercados.
As bolsas têm valorizado por descontarem uma profusão de excelentes notícias, nomeadamente a normalização da economia que se espera da utilização das vacinas. Mas a verdadeira génese das subidas está na enorme quantidade liquidez disponível, algo que não desparecerá nos próximos anos. Assim, da mesma forma que é plausível pensar numa correção em breve, a tendência de longo prazo não deverá estar em causa. Curiosamente, estatisticamente, dezembro é o mês do ano em que mais vezes as ações sobem.