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Dúvidas desfeitas: Não havia armas de destruição maciça no Iraque

“Ex-líder iraquiano tinha cancelado o programa de armamento nuclear e não tinha intenções de reiniciá-lo”, revela agora ex-analista da CIA, o primeiro a interrogar Saddam Hussein.
4 Janeiro 2017, 16h48

John Nixon, ex-analista da CIA, afirmou à BBC que, a partir de suas conversas com Saddam Hussein, com os conselheiros e com as pesquisas subsequentes “chegou à conclusão de que o ex-líder iraquiano tinha cancelado o programa de armamento nuclear do país anos antes e não tinha intenções de reiniciá-lo”.

O primeiro homem a interrogar Saddam descreve à BBC como a sua equipa foi considerada um “fracasso”, após chegarem a essa conclusão, explicando que “tudo o que a Casa Branca queria saber” era se existiam armas de destruição maciça. Nixon acrescentou que não foi convidado a debater com o então presidente George W. Bush a questão, até 2008, dois anos após a execução de Hussein.

O ex-analista, que deixou a CIA em 2011, foi encarregado de questionar Hussein após este ter sido encontrado numa cave. Desmentindo os rumores que o homem capturado poderia ser um dos numerosos duplos de Saddam, Nixon disse à BBC que “não tive dúvidas na minha mente assim que o vi: era ele”.

Nixon é particularmente mordaz com o ex-presidente George W. Bush e defende que, por seu lado, o ex-líder iraquiano tinha dois lados contraditórios. Afirma que viu o “lado humano” de Saddam, e que este “era um dos indivíduos mais carismáticos que eu já encontrei. Quando ele queria, ele poderia ser encantador, agradável, engraçado e educado”, garante na mesma entrevista. Contudo, acrescenta que “houve duas ou três ocasiões que o meu interrogatório levou ao seu lado mau”.

“Eu costumava pensar que o que dissemos na CIA era importante e o presidente iria ouvir, mas não importa o que digamos, a política supera a inteligência”, acrescentou o ex-analista que se considera “envergonhado” com o que aconteceu no Iraque.

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