No próximo dia 5 de junho, no Grémio Literário de Lisboa, apresentarei um livro com uma coletânea de 54 textos sobre os já 66 artigos de opinião publicados no Jornal Económico, ao longo do último ano. O artigo de hoje é publicado na semana de lançamento do livro, mas logo após a primeira das eleições (europeias) das várias que ocorrerão ainda (regionais e legislativas) no corrente ano de 2019.

Nesta aventura estimulante de publicar um primeiro livro sobre análises da atualidade política, económica e social, o projeto só poderá atingir a sua real dimensão, como aliás acontece em tudo na vida, quando conseguimos partilhar com quem admiramos e respeitamos, os nossos leitores e os portugueses. Mas também exigente, pois na escrita estamos, e muito bem, permanentemente “presos” no futuro ao que pensamos no presente. Tem sido uma experiência única, libertadora e estimulante, a de escrever, semana após semana, sobre os problemas e oportunidades reais de um Portugal onde os acontecimentos se sucedem a um ritmo vertiginoso. A pergunta que dá nome a esta coletânea de textos é aquela a que sempre volto, quando escrevo, “E agora, Portugal?”

Um Portugal que ainda nesta semana, no resultado das eleições europeias, teve uma das maiores taxas de abstenção da história da nossa democracia, onde só votaram três  em cada dez pessoas, onde quem ganhou a eleição, o Partido Socialista (PS), teve apenas um terço das intenções de votos (33,38%), e um décimo do total dos portugueses (10,13%),  onde a vitória soube a “poucochinho”, pois foi apenas 1,8 pontos acima das europeias de 2014 e cerca de um ponto das legislativas de 2015, onde o PS perdeu a eleição mas governa com a legitimidade, como se tivesse ganho. É que o resultado, e a diferença para os partidos de direita, são praticamente os mesmos que levaram António Costa em 2014 a falar de “poucochinho”, e por isso não me parece que o PS tenha motivos para fazer comemorações de arromba. Mas a “máquina” eleitoral da esquerda vai tentando distorcer a realidade.

Um Portugal que ainda esta semana tomou consciência, e merece uma profunda reflexão, de um ranking internacional sobre competitividade económica, pois fomos o segundo país que mais se afundou das 63 principais economias em análise, e que as variáveis menos positivas da corrupção, da carga fiscal e da economia paralela mais terão contribuído para a descida abrupta de Portugal.

Um Portugal que, também esta semana, se viu catalogado, durante 2018, com o título do terceiro país da União Europeia com um valor mais elevado de pessoas com trabalho temporário, onde cerca de um quarto dos trabalhadores portugueses (22%) são precários, com a média da Europa a não exceder os 14%. Um país onde quase dois terços (64,5%) dos trabalhadores temporários são jovens e em que cerca de 82% dos empregados temporários estavam nesta situação involuntariamente.

Um Portugal em que a percentagem de portugueses que recebem o salário mínimo nacional aumentou 14,9% entre 2015 e 2018, correspondendo a um em cada quatro dos que trabalham (25,6%) que vivem com 516 euros mensais (deduzidos já os descontos da Segurança Social). Falamos, pois, de 1.245.000 trabalhadores portugueses que vivem nesta situação, mais de 300 mil do que quando a esquerda começou a governar – em 2015, eram 973 mil que viviam com o salário mínimo. Um Portugal endividado, que já emite divida pública em moeda chinesa, na expectativa que possa conseguir vantagens de investimento, em troca de pagamento de juros mais altos e com risco cambial, numa pura estratégia de marketing político e charme asiático do governo socialista.

Pois, “E agora, Portugal?” Com a divulgação destas estatísticas tão amargurantes e tristes, após o primeiro embate eleitoral de 2019, a verdade é que somos um povo com esperança e resiliência, e vamos continuar a lutar pela nossa economia e pelo Portugal empresarial que faz bem, que luta, que empreende, que não se conforma, mas que precisa  que a classe política os acompanhe nessa imperiosa missão e desígnio nacional. Em outubro veremos…