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“É natural” que portugueses apostem nos PPR com corte de juros nos depósitos

A descida dos juros nos depósitos bancários pode levar os portugueses a redirecionar o dinheiro para outros produtos, nomeadamente para os chamados Plano Poupança Reforma (PPR), afirma Valdemar Duarte, diretor-geral da Ageas Pensões.
7 Abril 2025, 07h00

Os bancos têm vindo a cortar os juros que pagam aos clientes pelos seus depósitos, acompanhando a descida das taxas do Banco Central Europeu desde o verão passado. Neste cenário, Valdemar Duarte, diretor-geral da Ageas Pensões, considera que “é natural” que os portugueses comecem a apostar noutros produtos de poupança, como é o caso dos chamados Plano Poupança Reforma (PPR), mas também dos fundos de pensões.

Desde que o banco central liderado por Christine Lagarde começou a cortar as taxas de juro, em junho do ano passado, que o juro médio dos novos depósitos passou de 2,66% para 2,16% no final do ano passado. Os dados mais recentes do Banco de Portugal mostram que, em janeiro, a rentabilidade destes produtos bancários desceu mesmo abaixo dos 2%, algo que não acontecia desde agosto de 2023. Uma redução que já levou Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, a criticar novamente os bancos

Esta descida dos juros nos depósitos tem levado as famílias a procurarem alternativas. No ano passado, a produção de seguro direto cresceu 21,3% para perto de 14 mil milhões de euros, com o ramo Vida a contribuir com um aumento de 35,3%. Enquanto os produtos de capitalização avançaram 41,4%, os PPR registaram um crescimento de 49,7% em 2024, face ao mesmo período do ano anterior. Foi uma subida significativa, mas os níveis continuam baixos. 

“Se olharmos para os números vemos que os valores de subscrições de PPR ou de produtos de capitalização estão abaixo do valor de 2021”, afirma Valdemar Duarte, o único português membro do Pensões Ocupacionais (OPSG) da Autoridade Europeia de Supervisão de Seguros e Pensões Complementares de Reforma (EIOPA), em entrevista ao Jornal Económico.

Ainda assim, a expectativa é de que este crescimento continue. Os depósitos têm crescido, mas “é possível que as coisas tendam a reverter-se”, uma vez que “há um espaço para ser absorvido”, refere o diretor-geral da Ageas Pensões. É possível que “os depósitos se tornem menos atrativos com a descida das taxas de curto prazo”, apontou. 

“O que vai acontecer é que as taxas de curto prazo descem e é com essas que se fazem os depósitos a prazo. É natural que o grande reforço que se fez de depósitos bancários tenha alguma redução e que seja redistribuído por produtos como os seguros, fundos de pensões e fundos de investimento”, afirma o também membro do conselho de administração da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP).

Também os Certificados de Aforro podem voltar a ser uma opção atrativa, numa altura em que já são poucos os depósitos que pagam mais do que estes produtos de poupança do Estado. Mesmo com a descida dos juros nestes produtos de poupança do Estado, para 2,41%, a taxa mantém-se acima da média dos depósitos. Em fevereiro, o stock dos Certificados de Aforro voltou a bater recordes, alcançando os 35,7 mil milhões de euros. Foi o valor mais alto investido desde o início da série do Banco de Portugal, em dezembro de 1998.

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