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Economia da Turquia cresce 6,7% no terceiro trimestre

O governo prepara investimentos para transformar a indústria do país numa espécie de hub para o fornecimento da União Europeia. Não são boas notícias para alguns setores de atividade portugueses.
30 Novembro 2020, 17h43

Impulsionado por diversos estímulos fiscais e pelo fim de alguns bloqueios relacionados com a pandemia de Covid-19 o PIB da Turquia cresceu 6,7% em cadeia no terceiro trimestre, após contrair 9,9% nos três meses anteriores, de acordo com dados do Instituto de Estatística da Turquia (TurkStat) divulgados esta segunda-feira.

O país superou o desempenho de todas as nações do G-20, incluindo a China, cuja economia recuperou 4,9% no trimestre de julho a setembro. “A Turquia regista um notável crescimento real do PIB de 6,7% no terceiro trimestre, contra as expectativas de 4,8% e pode atingir um crescimento zero no ano inteiro – que seria incrível em ano de pandemia”, disse um analista citado pelo jornal turco Daily Sabath.

O governo de Ancara prevê um crescimento de 0,3% este ano, mas admite uma contração de 1,5% no pior cenário da crise sanitária, e projeta uma recuperação de 5,8% em 2021.

A atividade do setor financeiro cresceu 41,1% no terceiro trimestre, a indústria 8%, a construção civil 6,4% e a agricultura 6,2%. As exportações caíram 22% na comparação anual, após uma queda de 36% nos três meses anteriores. As importações aumentaram 16% após uma queda de 8%.

Entretanto, a Turquia tem potencial para utilizar as oportunidades decorrentes das mudanças nas cadeias de abastecimento globais decorrentes da pandemia de Covid-19 e o governo prepara-se para apostar nessa particularidade da sua economia, o que vai aumentar a pressão sobre a produção têxtil portuguesa.

“Acreditamos que podemos tornar-nos um ator global determinante nas cadeias de valor e usar novas oportunidades de investimento e comércio”, disse esta semana o ministro do Comércio, Ruhsar Pekcan, durante o debate parlamentar sobre o orçamento para 2021.

O governo turco considera que o país, com sua força de trabalho qualificada, localização estratégica e fortes infraestruturas, é candidato a transformar-se num forte fornecedor, especialmente para a Europa e Médio Oriente.

A economia global enfrenta a contração mais acentuada desde a Segunda Guerra Mundial, com a Organização Mundial do Comércio (OMC) a antecipar espera uma queda de 9,2% no comércio global, mas a indústria turca mostrou uma forte resistência face à perturbação sofrida pela pandemia. “A Turquia está entre os países que vão superar a crise com menos danos e experimentar uma recuperação mais rápida”, disse Pekcan.

As exportações turcas já recuperaram no terceiro trimestre do ano, após as contrações de março, abril e maio, graças ao processo de normalização – que passou também, como é costume, por uma mexida acentuada nas taxas de câmbio (mecanismo que os países europeus não têm à sua disposição). “As exportações tiveram um aumento de 33,9% no terceiro trimestre do ano em comparação com o trimestre anterior”, disse o ministro. Em 2019, a Turquia atingiu uma quota no comércio mundial de 0,96% e Pekcan afirmou que esse valor subiu para 1% no período de janeiro a agosto de 2020.

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