Depois da forte contração registada no segundo trimestre, a economia portuguesa recuperou entre julho e setembro, devido a uma menor quebra do consumo privado e a uma recuperação das exportações. No entanto, o PIB continua abaixo do alcançado em igual período do ano passado.
Os primeiros dados já tinham sido adiantados numa estimativa rápida pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que esta sexta-feira reviu em alta em uma décima a fotografia sobre a recuperação da economia portuguesa no terceiro trimestre. Segundo o organismo de estatística nacional o PIB recuperou 13,3% no terceiro trimestre face ao trimestre anterior, embora tenha contraído 5,7% em termos homólogos.
Na primeira estimativa, divulgada a 30 de outubro, o INE apontava para uma quebra do PIB de 5,8% em termos homólogos no terceiro trimestre, enquanto na comparação face ao trimestre anterior – quando tinha tombado 13,9% – estimava uma recuperação de 13,2%. A revisão em alta de 0,1 p.p. face à primeira estimativa rápida, resultou da “integração de informação primária adicional”, nomeadamente relativa ao comércio internacional de bens e serviços e, “em menor grau, aos indicadores de curto prazo relativos a setembro”.
A explicar a redução menos intensa do PIB no terceiro trimestre está a reabertura progressiva da atividade económica, depois das medidas de contenção da pandemia, que tiveram um forte impacto económico nos primeiros dois meses do segundo trimestre.
A recuperação de 13,3% em cadeia foi reflexo de um “contributo positivo bastante significativo” da procura interna (10,6 p.p.), “após o contributo negativo de magnitude semelhante (-10,9 p.p.) observado no trimestre anterior”. Também as exportações deram um contributo bastante positivo face ao trimestre anterior, disparando para 38,8% em volume, enquanto entre abril e junho tinham tombado 37%. Já as importações cresceram 26,1% em cadeia, o que compara com o recuo de 29,2% no trimestre anterior. desta forma, a procura externa líquida registou um contributo positivo de 2,7 p.p. (-3,0 p.p. no segundo trimestre).
Na comparação homóloga do PIB, o contributo da procura interna “recuperou de forma expressiva”, passando de -11,8 p.p. para -4,1 p.p. no terceiro trimestre, “devido sobretudo ao comportamento do consumo privado que registou uma diminuição homóloga significativamente menos intensa que a observada no trimestre anterior”, explica o INE, no relatório publicado esta sexta-feira.
No terceiro trimestre, também o investimento apresentou uma diminuição homóloga menos intensa que no trimestre anterior, enquanto o consumo público registou um crescimento, após a diminuição verificada entre abril e junho.
Já a procura externa líquida, no terceiro trimestre, registou um contributo de -1,5 p.p. para a variação homóloga do PIB (-4,6 p.p. no segundo trimestre) registando-se uma recuperação mais significativa das exportações de bens e serviços, que passou de uma quebra de 39,4% para uma diminuição de 15,2%, do que nas importações de bens e serviços (de -29,2% para -11,6%), “devido em grande medida à evolução das exportações de bens, uma vez que as de serviços mantiveram reduções expressivas”.
(Atualizado às 09h50)
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