O economista-chefe do Millennium bcp prevê que o próximo ano vá ser um “horror do ponto de vista da burocracia” e um “esforço de preparação para os bancos” com a inclusão do capital natural (água, biosfera, resíduos…) no trabalho e atividade do sector financeiro.
“Vai ser o desespero, porque não há dados”, explicou José Brandão de Brito, na conferência “ESG e gestão de risco”, organizada pela SRS Legal e pela Systemic. “Descarbonizar é muito importante, mas nos próximos 20 anos o que terá mais impacto é a adaptação”, esclareceu ainda o também responsável da direção de Estudos Económicos, Criptoativos e Sustentabilidade do BCP.
No início de janeiro, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que iria, entre 2024 e 2025, reforçar a análise aos efeitos de fenómenos meteorológicos extremos na inflação e no sistema financeiro e a como podem ser integrados em cenários climáticos e projeções macroeconómicas. O BCE está também a fortalecer o trabalho ao nível dos efeitos do financiamento da transição verde, necessidades de investimento ecológico e planos ESG.
Para o diretor de Sustentabilidade da Fidelidade, o que importa é “traduzir este tema para euros” e pensar no ‘S’ do ESG – as pessoas – sob pena de o próprio mercado dos seguros se tornar obsoleto. “O sector segurador tem uma responsabilidade muito grande neste tema. A continuidade de todo o negócio depende da sustentabilidade. Se não fizermos a transição corremos o risco de os seguros desaparecerem”, alertou João André Dias Mestre.
O economista do BCP partilhou ainda um dado curioso: inicialmente, eram juristas a desenvolveu o plano de sustentabilidade do banco e, atualmente, só contratam matemáticos e engenheiros para esta área, porque precisam de “dados e metodologias”.
“É estranhíssimo” em eventos como a COP – a cimeira do clima das Nações Unidas – falar-se 90% mitigação dos problemas climáticos, 10% de preservação e 0% de seguros, acrescentou o diretor de Sustentabilidade da Fidelidade, no painel “Riscos climáticos: desafios para entidades financeiras”, moderado pela advogada Alexandra Valente, sócia da SRS.
O diretor executivo da gestora de ativos Square Asset Management também interveio nesta sessão e partilhou a diferença do seu trabalho perante o dos restantes oradores: faz gestão e não financiamento. Luís Souto lembrou que aplicar dinheiro de pequenos investidores e investi-lo implica “risco, seja ele qual for” e, no caso da sustentabilidade, os critérios ESG foram-lhes “impostos”.
Na visão do advogado César Sá Esteves, co-managing partner da SRS Legal, o escritório tem feito uma “posta deliberada no seu desenvolvimento sustentável”, até porque considera que os legados (ambientais, sociais, políticos e económicos) devem ser preservados para as novas gerações.
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