[weglot_switcher]

Mais produtos financeiros verdes na banca e seguros estimula procura, diz ex-secretário de Estado do Tesouro

O advogado Carlos Costa Pina considera que os mercados voluntários de carbono são uma “oportunidade para novos players” e antecipa regulamentação sobre estes instrumentos de redução de emissões durante este ano, após a publicação da lei que os criou em janeiro.
22 Março 2024, 11h00

O advogado e antigo secretário de Estado do Tesouro e Finanças Carlos Costa Pina disse esta sexta-feira que o “aparecimento de produtos financeiros verdes do lado da oferta”, das empresas da banca e dos seguros, “é uma forma de estimular o aparecimento de projetos verdes do lado da procura”, o que acelera a transição para a sustentabilidade.

“Não é só preciso greenwishing, mas também fazer o greenwalking”, afirmou Carlos Costa Pina, na conferência “ESG e a gestão de risco” organizada pela SRS Legal e pela Systemic. O sócio da SRS Legal e ex-administrador da Galp e da CMVM deu como exemplo de “oportunidade para os novos players” os mercados voluntários de carbono, para os quais se espera regulamentação durante este ano, após a publicação da lei de janeiro que os criou.

O consultor Henk-Jelle Reitsma, partner da Risksphere e gestor de risco no banco neerlandês Volksbank, sugeriu aos empresários realizarem “análises de cenário com uma abordagem a longo prazo”, a cerca de 30 anos, através de uma investigação meticulosa a prováveis efeitos climáticas, económicas e geopolíticas. “Cada grau de aquecimento global terá impacto na biodiversidade e na sociedade”, advertiu, na sessão que decorre durante esta manhã na sede da SRS em Lisboa.

Henk-Jelle Reitsma aconselhou ainda a leitura de dois livros (“The Art of the Long View” da autoria de Peter Schwartz e “The Good Ancestor” de Roman Krznarice) e deu três exemplos de empresas que tiveram de fazer uma transição forçada: Shell, UPS e Nokia. Paralelamente, revelou que a Risksphere, startup de consultoria de risco de sustentabilidade – faz relatórios e dashboards ESG, testes de stress, análises e gestão da mudança – vai mais que duplicar a equipa de sete para cerca de 16 pessoas até ao final do ano.

A secretária-geral da BCSD Portugal, Filipa Pantaleão, aproveitou a ocasião para explicar como está organizado o Guia Empresarial de Riscos e Oportunidades Climáticas, lançado pelo conselho para a transição verde para as empresas se prepararem “para o que aí vêm, que não vai ser bonito”.

Porquê? “Os impactos financeiros que daqui advêm vão ser elevados”, alertou, referindo-se ao aumento dos prémios dos seguros e reconfiguração da oferta seguradora, ao decréscimo das vendas devido a menor produção, entre outras consequências. “Mas também vai trazer negócio, porque toda a economia vai mudar”, afirmou a engenheira ambiental.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.