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Ecossistema “virtuoso” e talento qualificado fazem de Portugal destino atrativo para as ‘big tech’

Para a Amazon, Google, Microsoft, Nokia e Talkdesk a mão de obra qualificada em Portugal tem se tornado num factor atrativo para as grandes tecnológicas, factor que se alia ao ecossistema tecnológico “e virtuoso” e posicionamento geográfico “favorável”.
7 em cada 10 profissionais acreditam que os dados obtidos através de software não têm sentido em si mesmos
4 Maio 2021, 13h47

Numa altura em que o Governo tem na ordem do dia a inovação e a transição digital, as Big Tech a nível mundial reforçam a sua aposta no país. Este crescimento do investimento estrangeiro em Portugal é suportado por fatores diferenciadores como o posicionamento geográfico vantajoso e o ecossistema tecnológico inovador que fazem do país num destino atrativo.

“Somos um país mais próximo do mercado norte-americano e somos a porta de entrada para os países de língua oficial portuguesa”, referiu o Adjunto do Secretário de Estado para a Transição Digital, acrescentando a segurança, a qualidade de vida, a educação e a aptidão para as línguas como indicadores complementares para a retenção de talento e investimento.

Arthur Jordão considera que “a transição digital é um importante motor económico neste país”, tendo em, 2019, registado um um impacto direto na economia portuguesa de 13 mil milhões de euros, representando 6% do PIB nacional embora se situe “aquém dos outros países da União Europeia”. Só nos últimos dois anos, este sector tem crescido 1,2% no peso relativo digital do PIB nacional.

A estratégia passa agora por internacionalizar Portugal e o sector, captar talento e continuar a reter investimento estrangeiro. O tema foi debatido no painel “Why Portugal” moderado por Fátima Caçador, da Sapo Tek, esta terça-feira, durante o Fórum Portugal Digital.

Miguel Alava, diretor-geral da Amazon Web Services (AWS) para a Europa, olha para o território lusitano como uma fonte de oportunidades para crescimento. “Somos um exemplo de como Portugal é atrativo para o investimento internacional”.

Para o country manager da Google Portugal, além do posicionamento geográfico e o ecossistema tecnológico favorável, importa ressalvar que o país está a ser liderado por um Governo “tech friendly e pro digital”, algo que Bernardo Correia considera ser “inovador” uma vez que são “poucos os países a adotarem a mesma estratégia”.

A somar ao número de motivos que fazem de Portugal um local ideal para apostar na expansão digital é o ritmo de inovação que, segundo o responsável, tem crescido a um “ritmo inacreditável” e ainda a qualidade no talento, que embora “devesse ser mais em quantidade”, consegue responder às necessidades atuais das grandes empresas.

Exemplo disso é a Talkdesk, um unicórnio português que, só no ano passado, contratou cerca 500 pessoas e este ano pretende recrutar mais 200, tendo como objetivo chegar aos 1500 profissionais até ao final do ano.

“Fazemo-lo [o recrutamento] aqui porque as pessoas que encontramos são fantásticas. Temos talento e a capacidade para fazer software“, frisou o COO da tecnológica Marco Costa durante a sua intervenção, explicando que quando não é possível encontrar técnicos disponíveis no mercado a Talkdesk aposta na formação nas universidades.

“As universidades ajudaram-nos, fizeram academias connosco e muito rapidamente formamos dezenas de pessoas nestas áreas”, explica. “Esta capacidade e a vontade que as pessoas têm de continuar a aprender é o que nos faz continuar cá”.

E mesmo que a intenção seja captar talento internacional, “a qualidade de vida, a segurança e a capacidade de integração em Portugal” faz com que o processo seja fácil. Uma opinião partilhada pela diretora-geral da Microsoft.

“Em ano de pandemia conseguimos recrutar 283 pessoas”, explicou Paula Panarra. “Hoje temos em Portugal 25 nacionalidades diferentes através da captação de talento e isso só é possível através das condições que o país tem, mas também pelo ecossistema de inovação”, referiu.

Já para o country manager da Nokia Portugal, que soma 2.200 colaboradores e que tem investido nos últimos 10 anos “em recursos portugueses e nacionais” para localizar centros de competência que trabalham para o mundo inteiro, a retenção de talento qualificado faz com que haja uma motivação para reforçar aposta em infraestruturas.

“Temos hoje seis centros globais de competências que têm atividades que vão de I&D, à prestação de serviços, como operação de redes, e muito recentemente este novo centro de serviços partilhados”, conta Sérgio Catalão.

“A partir destes centros temos exportações acumuladas em investigações em 300 milhões de euros”, acrescentou.

Para os representantes das grandes tecnológicas o reforço neste “ecossistema virtuoso” de tecnologia e inovação irá colocar Portugal na dianteira da transição digital e na retenção de talento a nível europeu.

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