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Biden lidera sondagens, mas Trump poderá voltar a contrariar as expetativas com vitórias em estados chave

Caminhos para a reeleição de Trump ou para o regresso de Biden à Casa Branca num papel diferente passam por uma panóplia de resultados possíveis. Para Trump, a chave é reter os estados que conseguiu “roubar” aos democratas em 2016, garantir apoio nos subúrbios e mobilizar eleitorado branco de classe média, enquanto Biden precisa dos eleitores jovens, afro-americanos e latinos, além de grande mobilização nas áreas urbanas.
26 Outubro 2020, 07h55

Aquela que é apelidada por alguns como a “eleição do século”, pela importância de que se reveste no atual panorama social, económico e sanitário nos Estados Unidos, entra na derradeira semana de campanha. Com o aproximar da primeira terça-feira de novembro, as atenções focam-se cada vez mais numa eleição que, apesar de parecer inclinada para um dos lados, a experiência recente mostra não estar ainda garantida.

Dada a peculiaridade do modelo americano, em que o vencedor é determinado por um colégio eleitoral, e não pelo voto popular, as surpresas eleitorais são possíveis e o resultado final torna-se largamente uma incógnita.

Donald Trump sabê-lo-á bem, já que, em 2016, venceu apesar de lhe serem atribuídas apenas 28,6% de probabilidades de ser eleito, muito porque estados como a Florida, Pensilvânia ou Wisconsin estavam projetados como tendencialmente democratas (especialmente os dois últimos) e acabaram por cair para o candidato republicano.

Só nestes três estados, Trump garantiu 59 votos do colégio eleitoral. Para vencer, um candidato necessita de garantir 270. Curioso que um dos tópicos que dominou a campanha, as tensões raciais e a violência policial dirigida a afro-americanos, teve um dos seus principais episódios precisamente no Wisconsin.

Os protestos contra a atuação policial num caso em que um afro-americano foi baleado sete vezes dentro do seu carro em Kenosha, no estado do Wisconsin, culminaram em violência entre protestantes e milícias civis fortemente armadas e associadas à extrema-direita americana. Dois protestantes foram mortos e outro ficou gravemente ferido depois de serem baleados por um jovem de 17 anos do Illinois que, armado com uma espingarda de assalto automática, se deslocou à cidade para “proteger propriedade privada”.

Em 2020, qualquer um dos estados acima mencionados volta a perfilar-se como decisivo. Segundo o site FiveThirtyEight, que faz uma média ponderada das sondagens conhecidas, o candidato democrata em 2020, Joe Biden, tem uma vantagem maior do que a que era atribuída a Hillary Clinton há quatro anos atrás em cada um destes círculos eleitorais. Além disso, lidera também no Arizona e Carolina do Norte, outros dois estados que Trump venceu em 2016 e que representam 26 votos.

Por outro lado, as sondagens apontam também para vitórias do presidente no Ohio, Georgia e Iowa, que representam 40 votos no colégio. Neste cenário, uma vitória na Florida ou Pensilvânia aumentaria drasticamente as probabilidades de um segundo mandato: segundo as simulações do FiveThirtyEight, caso Trump vença estes cinco estados terá 95% de probabilidades de vencer a eleição geral.

Nebraska e Maine: dois estados diferentes

Outro aspeto interessante e que se poderá revelar chave numa eleição que se antecipa renhida são os votos do Maine e do Nebrasca. Cada um dos os estados, de forma a aumentar o interesse das campanhas nos eleitores daquela região, divide os votos do colégio eleitoral que lhe é atribuído entre o círculo geral do estado e distritos eleitorais.

Por exemplo, em 2016, o Maine, um estado tradicionalmente democrata e progressista, elegeu, como um todo, Hillary Clinton; no entanto, o seu segundo distrito eleitoral, um dos círculos mais rurais e vastos do mapa eleitoral norte-americano, atribuiu o seu voto colegial a Trump.

O inverso poderá acontecer este ano no Nebrasca, um estado marcadamente conservador, mas onde o segundo distrito engloba a capital Omaha, um polo cosmopolita e progressista que, segundo algumas sondagens, dará a Joe Biden um voto no meio do Midwest mais profundo.

Independentemente das sondagens, dia 3 de novembro conhecer-se-á o presidente americano para os próximos quatro anos, isto numa eleição que se prevê terá a afluência mais elevada às urnas em várias décadas. Até este domingo, mais de 58 milhões de votos antecipados haviam já sido recebidos, tanto em votações presenciais, como em votos por correspondência, de acordo com os dados do US Elections Project da Universidade da Florida.

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