A S317 Consulting, consultora especialista em transição energética, água e carbono, depois de, em novembro, ter comprado a consultora de desenvolvimento sustentável Sair da Casca, acaba de adquirir a Engidro-Engineering Solutions, a empresa de engenharia portuguesa especializada em engenharia da água e gestão sustentável de recursos hídricos. Esta aquisição faz parte da estratégia de expansão daquele que já é o maior grupo português especializado em sustentabilidade. Este foi o pretexto para falar com o CEO da S317, Filipe de Morais Vasconcelos, para a rubrica Decisor na edição de sexta-feira do Jornal Económico.
Recorde-se que, em 2023, a Touro Capital Partners investiu seis milhões de euros na S317 Consulting, no âmbito do Programa Consolidar, com envolvimento do Fundo de Capitalização e Resiliência (FdCR), ficando com mais de 50% da empresa fundada e gerida por Filipe de Morais Vasconcelos.
A S317 é uma empresa rentável? Quais os números mais recentes que possa partilhar?
A S317 Consulting tem registado um crescimento sólido e sustentado, impulsionado pela crescente procura por soluções integradas de transição energética, gestão sustentável da água e descarbonização. Em 2024, consolidou-se como a maior consultora portuguesa especializada em sustentabilidade, oferecendo um acompanhamento completo da transformação das empresas “de A a Z”, desde a definição da estratégia de negócio até à implementação concreta nos processos produtivos. Com um volume de negócios significativo e projetos de referência em vários mercados, a S317 reforçou a sua posição como um parceiro estratégico para empresas e instituições que encaram a sustentabilidade como um motor de inovação e competitividade. Embora os detalhes financeiros específicos sejam reservados, a rentabilidade e a solidez financeira da empresa são evidentes no seu plano de expansão e nas recentes aquisições, que ampliaram a sua capacidade de atuação e impacto no setor.
Nas duas últimas aquisições (Engidro e Sair da Casca), qual foi o investimento da S317? O papel do fundo de private equity da Touro Capital Partners foi decisivo para este crescimento?
As aquisições da Engidro e da Sair da Casca fazem parte de uma estratégia estruturada de crescimento, que reforça a especialização da S317 e a sua capacidade de resposta a desafios complexos em sustentabilidade e à interdependência das problemáticas económicas, sociais e ambientais. A Touro Capital Partners tem sido um parceiro estratégico muito importante, que tem contribuído para acelerar o crescimento da empresa. No entanto, a visão de expansão da S317 foi definida previamente e mantém-se alinhada com a sua identidade e missão.
A S317 Consulting é uma consultora especialista em transição energética, água e carbono que foi fundada por si há 10 anos? O que o levou a criar uma consultora especializada em sustentabilidade?
Sim, a S317 foi fundada há quase 10 anos por Miguel Feliz, Tomás Vilela e por mim, com o propósito de responder a uma necessidade cada vez mais evidente: apoiar empresas e instituições na transição para a sustentabilidade sem comprometer a sua competitividade. Desde o início, acreditámos que a sustentabilidade não deveria ser vista como um custo ou uma obrigação regulatória, mas sim como um motor de inovação, eficiência, competitividade e crescimento.
Com essa visão, criámos uma consultora que combina profundo conhecimento estratégico e técnico com uma forte capacidade de implementação, garantindo que as soluções que desenvolvemos não ficam apenas no plano estratégico, mas são efetivamente aplicadas e geram impacto real. Hoje, a S317 Consulting é um grupo de referência em sustentabilidade que ajuda organizações a transformar desafios ambientais e energéticos em oportunidades de criação de valor.
A Touro Capital Partners entrou no capital da consultora de sustentabilidade em 2023. Que percentagem do capital detém? Quem são os outros acionistas?
A entrada da Touro Capital Partners proporcionou à S317 Consulting uma maior capacidade financeira para impulsionar a sua estratégia de crescimento e expansão. No entanto, esta parceria foi estruturada de forma a garantir que a identidade e a missão da empresa permaneçam inalteradas, reforçando o compromisso com a sustentabilidade como eixo central do nosso desenvolvimento. Além do suporte financeiro, a Touro Capital Partners trouxe um alinhamento estratégico, um profundo conhecimento organizacional para esta nova fase da empresa, e uma parceria baseada na confiança mútua. Sentimos essa confiança diariamente na relação com a sua equipa de gestão, nomeadamente com Paulo Pio Correia, Miguel Vodrazka Miranda e Manuel Alves Gomes, cuja visão e experiência têm sido fundamentais para fortalecer a empresa e acelerar o seu crescimento. A estrutura acionista mantém-se focada na consolidação da S317 Consulting enquanto referência no setor, ampliando a sua atuação e impacto nos mercados onde opera. Os detalhes sobre a participação acionista são reservados, mas o objetivo comum permanece claro: acelerar a transição para modelos mais sustentáveis, garantindo que a empresa mantém a sua independência, visão e capacidade de inovação.
O Filipe é o CEO da S317? Como é composta a administração? A Touro Capital Partners está na administração?
A equipa executiva da S317 Consulting é composta por mim, por Miguel Feliz e por Paulo Pio Correia, em representação da Touro Capital Partners, que trabalhamos juntos para liderar a empresa e garantir que cumprimos a nossa missão de promover a sustentabilidade de forma inovadora e competitiva. A administração inclui um conjunto de profissionais altamente qualificados, com vasta experiência nos setores da energia, ambiente e consultoria, assegurando que temos a expertise necessária para enfrentar os desafios do mercado e implementar soluções eficazes.
A Touro Capital Partners tem a maioria da representação no conselho de administração, que também conta com representantes vindos da Engidro e da Sair da Casca, o que contribui para fortalecer a nossa estratégia de crescimento. Continuamos focados nos nossos objetivos de crescimento sustentável, sempre alinhados com a nossa visão de longo prazo, garantindo que as decisões estratégicas sejam tomadas com base nos valores e na missão da empresa.
As aquisições foram passos na estratégia de expansão da S317 Consulting. Quer desvendar mais dessa estratégia de expansão?
A nossa estratégia de crescimento está estruturada em três pilares fundamentais: crescimento orgânico, inovação e expansão estratégica através de aquisições. Procuramos constantemente oportunidades que complementem as nossas competências e ampliem o nosso impacto, fortalecendo a nossa capacidade de oferecer soluções integradas em sustentabilidade. As aquisições da Engidro e da Sair da Casca são exemplos concretos desta abordagem, permitindo expandir a nossa especialização em engenharia da água e reforçar a nossa capacidade de gestão de sustentabilidade corporativa. Estas integrações, além de aumentarem o nosso portefólio de serviços, também consolidam a posição da S317 como um grupo de referência no setor.
O nosso objetivo é claro: construir um grupo líder em sustentabilidade, capaz de atuar em toda a cadeia de valor com uma oferta integrada de sustentabilidade, fornecendo soluções transversais para todos os setores e em qualquer geografia. Acreditamos que a sustentabilidade deve ser abordada de forma integrada, combinando especialização técnica, inovação e capacidade de implementação para gerar um impacto real e duradouro.
Tem outras aquisições em vista?
Mantemo-nos atentos a oportunidades estratégicas de crescimento, avaliando continuamente aquisições que possam reforçar a nossa especialização e capacidade de atuação. No entanto, qualquer decisão de aquisição é criteriosamente analisada, garantindo que está alinhada com a nossa visão de longo prazo e que acrescenta valor real ao nosso posicionamento no mercado. Privilegiamos parcerias e integrações que complementem as nossas competências e fortaleçam a nossa oferta em transição energética, água e carbono, assegurando que cada movimento estratégico contribui para consolidar a S317 Consulting como um grupo de referência em sustentabilidade, inovação e impacto global.
Está presente em vários continentes. Nem todos estão no mesmo estágio em relação à descarbonização. Como é que a S317 atua nestes mercados com estágios tão diferentes?
Cada mercado apresenta desafios e oportunidades únicas, e a S317 Consulting ajusta a sua abordagem para responder de forma eficaz às especificidades locais, garantindo impacto real e soluções sustentáveis. Nos mercados mais avançados, concentramos os nossos esforços na otimização de processos, inovação tecnológica e integração de soluções de eficiência energética, gestão de carbono, água e saneamento, economia circular e impacto social. O nosso objetivo é apoiar empresas e instituições na redução da sua pegada ambiental e retorno social, maximizando a competitividade num contexto de regulamentação cada vez mais exigente.
Nos mercados emergentes, a prioridade passa pela criação de bases estruturantes para a transição energética, a gestão sustentável dos recursos naturais e dos resíduos, bem como pelo fortalecimento do impacto social junto das comunidades. Trabalhamos no desenvolvimento de infraestruturas essenciais, capacitação técnica e modelos adaptados ao contexto local, promovendo melhores soluções, viáveis e escaláveis que acelerem a transição para um modelo de crescimento sustentável e inclusivo. Independentemente do mercado, a empresa mantém um compromisso firme com a inovação, a resiliência e a criação de valor, garantindo que as suas soluções se traduzem em benefícios concretos para empresas, comunidades e ambiente.
Os fundos de private equity costumam estar no capital das empresas a prazo, até que a rentabilidade atinja os objetivos dos investidores. Há algum acordo de recompra da participação da Touro no futuro?
O nosso compromisso é garantir um crescimento sustentável, assegurando a criação de valor a longo prazo sem comprometer a identidade, a missão e os princípios da S317 Consulting. Acreditamos que o equilíbrio entre solidez financeira e independência estratégica é fundamental para manter a nossa capacidade de inovação e impacto no setor da sustentabilidade. Reconhecemos que a estrutura de capital pode evoluir ao longo do tempo, acompanhando a nossa estratégia de expansão e adaptação a novas oportunidades de mercado. No entanto, qualquer decisão será sempre tomada com um critério rigoroso, garantindo que o crescimento da empresa ocorre de forma sustentável e alinhada com os nossos valores. A preservação da independência da S317 Consulting é um princípio orientador essencial, permitindo-nos continuar a definir e implementar a nossa estratégia com autonomia e foco na criação de soluções que combinam transição energética e carbono, gestão sustentável da água e saneamento, resíduos e economia circular, e impacto social. Mantemos uma abordagem responsável na gestão do nosso crescimento, assegurando que cada passo contribui para consolidar a nossa posição como um grupo de referência em sustentabilidade, sem comprometer a nossa visão de longo prazo e compromisso com o impacto positivo.
As empresas portuguesas estão a ser bem-sucedidas na descarbonização?
Portugal tem feito francos progressos na descarbonização, mas continua a enfrentar desafios significativos para atingir as metas climáticas e acelerar a transição energética. A adoção de soluções sustentáveis exige adaptação às exigências regulatórias e ainda uma mudança de mentalidade no setor empresarial. Na S317, trabalhamos com empresas que veem a sustentabilidade como um motor de inovação, competitividade e crescimento, e não apenas como um requisito legal. Ajudamos os nossos clientes a transformar os desafios da transição energética, da gestão sustentável da água, dos resíduos e do carbono, e do impacto social em oportunidades estratégicas que fortalecem a sua competitividade, aumentam a eficiência operacional e criam valor a longo prazo.
Acredita que no futuro os bancos vão penalizar as empresas “castanhas” nos financiamentos?
Essa tendência já é uma realidade. As instituições financeiras estão a integrar critérios ESG nas suas decisões de financiamento, impulsionadas por regulamentações mais exigentes, a pressão dos investidores e a crescente perceção do risco associado a modelos de negócio não sustentáveis. Como resultado, empresas que não adotam práticas sustentáveis enfrentam um custo de capital mais elevado, seja por acesso limitado a financiamento, taxas de juro mais altas ou menor atratividade para investidores. Este movimento tende a intensificar-se, à medida que bancos e fundos exigem maior transparência e compromisso com metas ambientais, sociais e de governança.
Concorda que é preciso retirar CO₂ da atmosfera para atingir as metas climáticas? O que propõe a S317?
Sim, alcançar a neutralidade carbónica exige não apenas a redução drástica das emissões, mas também a remoção ativa de carbono da atmosfera. No entanto, para que estas soluções sejam implementadas em larga escala, é fundamental que sejam economicamente viáveis e competitivas no mercado.
A S317 Consulting aposta numa abordagem integrada, combinando inovação tecnológica e soluções baseadas na natureza, sempre com foco na competitividade e na criação de valor para as empresas. Defendemos sempre primeiro a mitigação de emissões e a máxima eficiência nos processos produtivos, e, no final de linha, quando a redução de emissões for já impossível, o investimento em projetos de sequestro e armazenamento de carbono, que podem ser de origem natural ou tecnológica. Além disso, acreditamos que a descarbonização deve ser um motor de inovação e eficiência, permitindo que as empresas reduzam a sua pegada de carbono sem comprometer a sua competitividade. Trabalhamos para integrar estas soluções no mercado, garantindo que se tornam acessíveis, eficientes e estrategicamente vantajosas para os setores em que operamos.
São fundadas as dúvidas sobre a eficácia dos requisitos ESG?
O conceito ESG tem sido, em muitos casos, mal interpretado e até instrumentalizado, levando a perceções distorcidas sobre a sua real utilidade. Algumas empresas adotam práticas superficiais para cumprir requisitos mínimos, sem impacto real, enquanto outras enfrentam dificuldades devido à falta de padronização e transparência na avaliação dos critérios ESG. No entanto, quando bem aplicado, o ESG é um fator determinante para a resiliência e competitividade das empresas, permitindo-lhes antecipar riscos regulatórios, reduzir custos operacionais, atrair investimento e fortalecer a sua reputação. O verdadeiro desafio reside na definição de métricas claras e comparáveis, que garantam credibilidade e permitam uma avaliação objetiva do desempenho sustentável das organizações. Para evitar o greenwashing, é essencial que as empresas integrem os princípios ESG na sua estratégia de negócio, adotando abordagens baseadas em dados concretos, auditorias independentes e transparência na comunicação dos seus compromissos e resultados. A S317 defende uma visão pragmática e orientada para o impacto, onde a sustentabilidade é um fator diferenciador real e não apenas uma tendência de mercado.
O caminho da descarbonização é irreversível?
Sim, a transição energética é um processo irreversível, embora ocorra a ritmos diferentes consoante a região e o setor. Três fatores principais impulsionam essa mudança: a necessidade de reforçar a segurança energética, a evolução tecnológica e a crescente exigência da sociedade e dos mercados. Independentemente das motivações individuais de cada país ou empresa, a realidade é que apostar na descarbonização é mais barato e eficiente do que lidar com as consequências físicas e económicas das alterações climáticas.
A nível europeu, todo este contexto geopolítico e a volatilidade dos mercados energéticos a ele associada evidenciaram a importância de reduzir a dependência dos combustíveis fósseis importados e reforçar a resiliência dos sistemas. Nesse sentido, o relatório Draghi sublinha de forma muito clara que a Europa deve apostar fortemente na transição energética, não apenas para cumprir objetivos climáticos, mas para garantir a sua competitividade industrial e autonomia estratégica num contexto global cada vez mais incerto. A eletrificação da economia, a diversificação das fontes de energia e a aposta em redes inteligentes são essenciais para garantir um abastecimento estável e acessível. Para as empresas, isto traduz-se numa necessidade urgente de adaptação, sob pena de perderem acesso a energia competitiva e financiamento favorável.
A descarbonização da economia assenta cada vez mais na eletrificação da mobilidade e dos processos industriais, na aposta em fontes de energia renováveis, no armazenamento de energia e na digitalização. Estes avanços já estão em curso e têm levado a uma redução significativa dos custos associados à transição. O desenvolvimento de soluções mais eficientes e economicamente viáveis torna os modelos sustentáveis uma necessidade regulatória e uma vantagem competitiva clara. Num mercado europeu altamente exigente, as empresas que lideram a inovação em sustentabilidade conseguem diferenciar-se, garantindo acesso privilegiado a financiamento sustentável, consumidores mais exigentes e mercados menos expostos à volatilidade energética. Este é o caminho para uma autonomia sustentável.
Além da regulação e da inovação tecnológica, a consciência social e a pressão dos consumidores, investidores e mercados financeiros desempenham um papel crucial. A procura por produtos e serviços sustentáveis, aliada à exigência de maior transparência e responsabilidade corporativa, está a transformar a sustentabilidade num fator estratégico para a competitividade e reputação empresarial. A descarbonização não é apenas uma tendência ambiental, mas uma escolha racional para mitigar riscos financeiros, reduzir custos operacionais e posicionar as empresas para o futuro. Neste contexto, a S317 apoia empresas e instituições na adaptação a esta nova realidade, assegurando que a transição energética não seja apenas um compromisso ambiental, mas também um motor de inovação, crescimento sustentável e resiliência num mercado europeu em transformação.
As políticas climáticas têm sido bem-sucedidas? Ou falta fazer muita coisa?
Houve avanços significativos na agenda climática, mas o ritmo da transição ainda está aquém do necessário para cumprir as metas globais de descarbonização. O desafio principal reside na falta de sincronização entre regulação, financiamento e inovação tecnológica, fatores que devem atuar de forma coordenada para acelerar a transformação dos setores económicos. A regulação tem evoluído, mas muitas vezes de forma fragmentada e com implementação desigual entre países e indústrias, criando incerteza para as empresas. O financiamento sustentável tem crescido, mas ainda enfrenta desafios na canalização eficaz de capital para projetos de alto impacto e na mitigação dos riscos associados a tecnologias emergentes. Por outro lado, a inovação tecnológica avança rapidamente, mas a adoção em larga escala ainda depende de incentivos adequados e de modelos de negócio que tornem as soluções competitivas no mercado.
Para que a transição ocorra no ritmo exigido pelas metas climáticas, é essencial acelerar a harmonização destes três fatores, criando um ambiente propício para que empresas e governos possam adotar estratégias sustentáveis sem comprometer a viabilidade económica. A S317 trabalha precisamente neste cruzamento entre política pública, financiamento e inovação, ajudando organizações a transformar os desafios da sustentabilidade em oportunidades de crescimento e competitividade.
Os países com economias baseadas no petróleo podem afetar a eficácia das políticas climáticas?
Sim, existe um claro conflito entre interesses económicos de curto prazo e os objetivos climáticos globais. Os países cuja economia depende fortemente da produção de combustíveis fósseis enfrentam um dilema: por um lado, a necessidade de preservar receitas e empregos associados à indústria petrolífera e, por outro, a pressão crescente para reduzir emissões e alinhar-se com os compromissos climáticos internacionais.
No entanto, a transição energética já não é apenas uma questão ambiental – tornou-se uma realidade económica irreversível. Mesmo os grandes produtores de petróleo estão a diversificar as suas economias e portfólios energéticos, investindo em energias renováveis e hidrogénio verde. Iniciativas como a Saudi Vision 2030 ou os investimentos dos Emirados Árabes Unidos em energias limpas demonstram que a mudança está em curso, ainda que a ritmos distintos.
A transição energética é, acima de tudo, uma questão de competitividade. A crescente adoção de taxas sobre o carbono, a evolução da tecnologia e a pressão dos mercados financeiros estão a tornar os combustíveis fósseis menos viáveis no longo prazo. Assim, países e empresas que anteciparem esta mudança estarão melhor posicionados para prosperar na nova economia de baixo carbono. A S317 trabalha precisamente para apoiar esta transição, ajudando empresas e governos a desenvolver estratégias que conciliem crescimento económico com sustentabilidade, garantindo que a mudança ocorre de forma estruturada e competitiva.
O mercado de créditos de carbono perpetua a desindustrialização dos países pobres?
A eficácia do mercado de créditos de carbono depende inteiramente da forma como é estruturado e implementado. Quando bem concebido, pode ser um instrumento poderoso para canalizar investimentos sustentáveis para países em desenvolvimento, promovendo a transição para uma economia de baixo carbono e facilitando a transferência de tecnologia. Ao permitir que empresas e governos financiem projetos de redução e captura de emissões em países menos industrializados, este mecanismo pode acelerar a descarbonização global e criar oportunidades económicas.
No entanto, os desafios são significativos. Em muitos casos, os mercados de carbono têm sido criticados por perpetuar desigualdades, permitindo que países desenvolvidos compensem as suas emissões sem reduzir significativamente a sua pegada ambiental, enquanto os países menos industrializados continuam dependentes da venda de créditos em vez de desenvolverem cadeias de valor sustentáveis. Além disso, a falta de transparência e padronização na certificação de créditos tem levado a situações de greenwashing e a dúvidas sobre a real eficácia destes mecanismos.
O grande desafio está em garantir que os mercados de carbono funcionem de forma justa e eficaz, assegurando que os países em desenvolvimento não fiquem limitados a vender créditos de carbono, mas beneficiem de investimentos estruturantes que lhes permitam desenvolver indústrias limpas, criar empregos sustentáveis e fortalecer a sua resiliência climática. Importa assim trabalhar na definição de estratégias que garantam que os créditos de carbono sejam uma ferramenta complementar à redução de emissões, e não um substituto para a ação climática real.
O aumento da transparência na monitorização dos progressos climáticos é suficiente?
A transparência é um pilar fundamental para a credibilidade dos compromissos climáticos, mas, por si só, não garante resultados. Sem mecanismos eficazes de implementação e responsabilização, há o risco de que as metas estabelecidas permaneçam apenas no papel, sem impacto real na redução de emissões e na transição para uma economia sustentável. Para transformar compromissos em ações concretas, é essencial fortalecer três aspetos-chave. O primeiro é a regulação e cumprimento – as políticas climáticas devem ser acompanhadas de regras claras, métricas padronizadas e mecanismos de monitorização independentes, garantindo que as metas sejam cumpridas e que haja consequências para quem não as respeita. O segundo é o financiamento adequado – o setor privado precisa de incentivos e acesso a financiamento sustentável para implementar soluções de baixo carbono. Os governos e as instituições financeiras têm um papel determinante na criação de condições que viabilizem a transição, reduzindo barreiras económicas e promovendo investimentos estruturantes. O terceiro é o envolvimento e responsabilidade – empresas, governos e instituições devem ser responsabilizados pelos seus compromissos, com relatórios periódicos e auditorias independentes que garantam a rastreabilidade dos progressos. A pressão dos consumidores, investidores e sociedade civil também é fundamental para manter a ambição climática e evitar o greenwashing.
Qual a sua citação preferida?
“Empresas sustentáveis não são apenas mais lucrativas, mas também mais resilientes e inovadoras.” – Michael Porter. Esta citação reflete de forma clara a visão estratégica da S317 Consulting. Acreditamos que a sustentabilidade não deve ser encarada como um custo ou uma obrigação regulatória, mas sim como um motor de inovação e competitividade. Empresas que integram a sustentabilidade no seu modelo de negócio reduzem riscos ambientais e regulatórios, criam oportunidades de mercado, aumentam a eficiência operacional e fortalecem a sua resiliência face a crises económicas e climáticas. A experiência da S317 mostra que as organizações que adotam estratégias sustentáveis conseguem atrair melhores investimentos, conquistar maior confiança dos consumidores e diferenciar-se da concorrência. Além disso, a transição para uma economia de baixo carbono impulsiona a inovação, incentivando o desenvolvimento de novas tecnologias e modelos de negócio mais eficientes.
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