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El Mundo: Como Portugal se tornou um refúgio para a comunidade brasileira LGBT

Entre 2011 e 2018, morreram 4.422 pessoas vítimas de crimes homofóbicos no Brasil. Ariadna Seixas não quis ser mais uma vítima e rumou a Portugal, onde a comunidade LGBT tem sido bem recebida. A história é contada esta segunda-feira pelo jornal espanhol ‘El Mundo’.
8 Abril 2019, 10h48

Entre 2011 e 2018, a cada 16 horas, teve lugar um assassinato de cariz homofóbico no Brasil, de acordo com as estatísticas oficiais. Segundo os mesmos números, durante este período foram mortas 4.422 pessoas da comunidade Lésbica, Gay, Bissexual e Transsexual (LGBT) do Brasil. O espanhol ‘El Mundo’ conta esta segunda-feira como Portugal se tem vindo a tornar um refúgio para esta comunidade, tendo em conta o aumento crescente das perseguições e ataques a esta comunidade.

Um exemplo desta perseguição é Ariadna Seixas, que de acordo com o jornal espanhol ‘El Mundo’ se identifica como uma mulher transexual. Nas semanas que antecederam à eleição de Bolsonaro, Seixas começou a receber ameaças nas redes sociais.

“Chamaram-nos pervertidos e diziam que nos iam matar”, afirma a brasileira. No entanto, um dia após a eleição de Bolsonaro para a presidência, o local de trabalho de Ariadna Seixas foi assaltado e além de lhe levarem os objetos de maior valor, deixaram um rasto de destruição. “Para nós foi óbvio que o ataque estava ligado à eleição. Bolsonaro disse que as pessoas LGBT representam um perigo para o Brasil, e a sua vitória deu legitimidade ao ódio sem complexos. Alguns amigos homossexuais foram agredidos na rua e assassinaram pessoas ‘trans’ noutras cidades”, disse ao ‘El Mundo’.

“O assalto foi terrível mas comparado com outras barbaridades que aconteceram, tivemos sorte”, relatou Seixas. No entanto, com o clima de insegurança que se fazia sentir, a brasileira procurou um novo começo num país onde se poderia exilar. Apesar de ter pensado no Canadá, Portugal falou mais forte.

A razão desta mudança para Portugal prendeu-se com a página de Facebook “Portugay Tropical”, gerida por brasileiros que ofereciam asilo às vítimas de violência no Brasil. Com a ajuda do grupo, Seixas conseguiu, como tantos outros, chegar a Portugal através de um visto de estudante. A viver no Porto, a brasileira diz que ainda tem de “averiguar para ficar aqui a longo prazo, mas de momento é um alívio viver num sítio onde podemos andar na rua sem ter medo”. Ariadna Seixas pertence a um grupo com mais de uma centena de brasileiros da comunidade LGBT que elegeu Portugal como refúgio.

Debora Ribeiro vive na cidade Invicta há uma década, e é a fundadora do grupo que, à semelhança de Seixas, trouxe milhares de brasileiros para um ambiente mais seguro. “No primeiro dia em que criei o grupo, chegaram milhares de mensagens de pessoas a pedir ajuda”. Atualmente, o grupo tem mais de três mil membros, e além de Ribeiro, conta com trabalhadores sociais e psicólogos para apoiar as vítimas de violência.

 

 

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