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Eleições na Síria: Ocidente acusa al-Assad de “farsa política”

Ainda sem resultados conhecidos, as eleições desta quarta-feira na Síria – apenas nas regiões controladas pelo governo – são consideradas “ilegais” por vários países, entre eles os Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido.
26 Maio 2021, 17h42

Os eleitores foram esta quarta-feira às urnas na Síria – mas apenas nos territórios controlados pelo governo – e apesar de não haver ainda resultados conhecidos ninguém duvida nem por um momento que o atual presidente, Bashar al-Assad, será eleito para novo mandato, o quarto – colocando-o no poder por mais sete anos.

Um membro da comissão eleitoral citado pela agência de notícias estatal da Síria e replicado por vários jornais ocidentais disse que os observadores “notaram uma grande participação” desde que as secções abriram às 7 horas (4 horas em Lisboa). Ao mesmo tempo, a emissora pública da Síria mostrava pessoas agitando bandeiras sírias e fotos de al-Assad – que votou no subúrbio de Douma, em Damasco, capital do país.

O presidente em exercício disse aos jornais no local que não dá peso às críticas dos países ocidentais relativas às eleições. “O valor dessas opiniões é zero”, disse, comentando o facto de vários países ocidentais – entre eles os Estados Unidos e a Alemanha – terem considerado as eleições uma “farsa” “ilegítima”. Reino Unido, França e Itália também divulgaram um comunicados oficiais caracterizando as eleições na Síria como “nem livres nem justas”.

“Denunciamos a decisão do regime de al-Assad de realizar eleições fora da estrutura descrita pela Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU e apoiamos as vozes de todos os sírios, incluindo organizações da sociedade civil e a oposição síria, que condenaram o processo eleitoral como ilegítimo”, dizia um dos comunicados.

Este grupo de países acusa desde logo o regime sírio de ter colocado a ONU à parte do processo eleitoral, numa altura em que era politicamente importante – a guerra na Síria leva dez anos – que o próximo governo tivesse legitimidade.

Estes países disseram também que os refugiados sírios que vivem no exterior deviam poder exercer o seu direito de voto e não apenas aqueles que se encontram no exterior munidos de passaporte sírio válido e carimbo de saída oficial. “Sem esses elementos, esta eleição fraudulenta não representa nenhum progresso em direção a um acordo político”, acrescenta o comunicado. O regime defendeu-se alegando que essa possibilidade seria instrumentalmente impossível de realizar e que pior seria que as eleições não fossem convocadas.

Além de al-Assad, o chefe da Organização Árabe para os Direitos Humanos, Mahmoud Ahmed Merei, e o ex-ministro de Estado para Assuntos da Assembleia do Povo, Abdullah Sallum Abdullah, também concorrem à presidência. A corrida obriga os candidatos a terem pelo menos 40 anos e cidadania síria de nascimento, não podendo ter dupla nacionalidade ou estarem casados com um estrangeiro e a terem vivido no país pelo menos nos 10 anos anteriores às eleições.

O Supremo Tribunal Constitucional da Síria rejeitou dezenas de candidaturas, permitindo apenas três dos cerca de 50 candidatos.

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