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Em defesa de uma ética das relações assimétricas

Nenhum humorista a intervir no espaço público tem de sentir diminuída a sua capacidade de satirizar, com a dose de ofensa que isso possa implicar, mas de modo nenhum pode, por isso, achar que não vai ser criticado e, caso o assunto seja suficientemente grave, até boicotado. Censura e crítica não são a mesma coisa.
14 Março 2020, 12h00

Como tudo o que tem impactos sobre os aspectos da nossa vida em comum, o politicamente correcto tem de ser discutível. Só que o que vai sendo sinal do nosso tempo não é uma discussão, mas uma tentativa de desqualificação sumária, acusação de puritanismo e moralismo, habitualmente montada na enumeração de uma sequências de exemplos de censura que, afinal, ou não estão expostos devidamente, ou até estão, justificando que se fale de censura, mas são casos escassíssimos, bem denunciados e criticados.

Por alguma razão, a mobilização intelectual contra o politicamente correcto em Portugal não consegue apontar mais do que um par de exemplos que se tenham passado em território nacional. E indo aos exemplos no resto do mundo, sobretudo no contexto dos Estados Unidos e do Reino Unido, a discussão não consegue fugir da enumeração de casos, todos sumariamente interpretados da mesma maneira e, claro, sem nenhuma contextualização do género: em mil casos, um corre mal.

Sem este cuidado de evitar tomar sumariamente como exemplos o que devem ser casos analisados e sem os avaliar na proporção devida com uma prática mais ou menos frequente e sem queixas, não estaremos a discutir, mas a lutar com palavras.

Pois bem, a proposta deste texto é discutir, e não lutar com palavras, sobre o politicamente correcto. Começo com um bom exemplo ilustrativo dessa prática, mas que é também um bom exemplo de equívocos de compreensões sumárias. Depois do exemplo, passarei à discussão de definições e, finalmente, a um possível contributo para pôr todo este importante debate em bases mais razoáveis.

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