No âmbito da temática geral das Empresas Familiares é tema frequente de debate, e bem, a sucessão para as novas gerações, a forma de assegurar boas transições intergeracionais ou a formação de sucessores.

Este debate nem sempre presta a devida atenção a um conjunto de novas questões que decorrem das alterações demográficas a que a nossa sociedade assiste e que assumirão uma dimensão bastante maior nos próximos anos.

Atentemos no que, e cito, são as previsões das Nações Unidas constantes do seu sítio na internet: “No geral, a expectativa de vida deverá aumentar nos países desenvolvidos e em desenvolvimento nos próximos anos. A nível global, prevê-se que atinja os 76 anos no período 2045-2050, e 82 anos em 2095-2100. No final do século, as pessoas nos países desenvolvidos poderão viver, em média, cerca de 89 anos, em comparação com cerca de 81 anos nas regiões em desenvolvimento.”

Por outro lado, e em Portugal, a esperança média de vida é hoje de um pouco mais de 81 anos, quando, há 50 anos, era de 64 anos.

Refira-se ainda que à escala global é previsível que em 2050 países como a China ou a Rússia, bem como toda a Europa e América do Norte tenham mais de 25% da população com idade superior a 65 anos.

Ora, também no âmbito das Empresas Familiares é preciso avaliar os impactos destas novas realidades.

Será que a sucessão não ocorrerá cada vez mais tarde?

Como é que se gerem as expectativas das novas gerações?

Será que passarão a coexistir na empresa três ou mais gerações com os laços de parentesco já bastante diluídos?

Estarão todos preparados para assegurar um papel adequado às gerações mais velhas sabendo que estas vão permanecer activas por muito mais anos?

A visão e os investimentos de longo prazo ganham com esta realidade uma nova dimensão e relevância?

Esta é uma nova reflexão que vale a pena fazer o mais cedo possível. Até como forma de evitar conflitos futuros.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.