A instabilidade política e social continua entre as principais preocupações para as empresas nacionais. No novo estudo “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2019” elaborado pela Marsh (empresa de consultoria de risco e corretagem de seguros) pode verificar-se que 53% das 169 empresas inquiridas partilham a mesma opinião.
Esta preocupação tem especial relevância num ano com três eleições em Portugal: eleições europeias, eleições legislativas e eleições regionais na Madeira.
Apesar destes receios, os ataques cibernéticos continuam a ser a principal preocupação para as empresas nacionais (58%), seguindo-se a retenção de talentos (31%), a concorrência (30%) e a crise financeira/crises fiscais (27%) integram no top 5 dos principais motivos preocupantes das empresas portuguesas.
Em declarações ao Jornal Económico, Fernando Chaves, Especialista de Risco da Marsh Portugal explica que “a instabilidade política ou social mundial é percebida pelas empresas como um fator que lhes afeta direta e indiretamente o negócio”, afirma. “A concorrência é uma preocupação constante, sendo que a rapidez com que as organizações têm de mudar e adaptar-se, aliada à maior dificuldade de reter talentos, contribui para esta perceção”.
Já relativamente ao agravamento, o especialista explica que ano após ano, a perceção de risco de ataques cibernéticos acompanha as estatísticas anuais de crescimento, quer em número quer em impacto, não deixando de referir que a crise financeira traduz os sinais já referidos por vários especialistas de uma nova crise em potência.
Para a realização deste estudo, a Marsh contou com a participação de cerca de 170 empresas portuguesas, pertencentes a 22 sectores de atividade, com diferentes volumes de faturação, bem como de número de colaboradores. Dentro das empresas respondentes, 81% não são cotadas em bolsa.
Riscos que o mundo vai enfrentar em 2019
Ao analisar a evolução dos resultados ao longo dos últimos 5 anos, destaca-se o desaparecimento dos ataques terroristas em larga escala do top 5. Este era um risco que figurava desde 2015 no top 5 de riscos que as empresas consideravam que o mundo viria a enfrentar. Quando questionado pelo JE sobre o fenómeno, Fernando Chaves explica que “quando comparados com os três primeiros anos em que a Marsh fez este estudo, 2018 e 2019 têm registado menos número de ataques e com menor impacto em termos de vidas humanas, quer na Europa, quer nos EUA”, argumenta.
“Esta estatística veio favorecer a saída do top 5 não só porque a menor mediatização teve influência numa menor perceção de risco, mas também porque a capacidade de antecipação e reação das forças de segurança face aos grupos terroristas gerou maior confiança nas organizações e na população em geral”, concluiu.
A nível mundial, 66% das empresas apontam os ataques cibernéticos em grande escala como uma primazia. As restantes preocupações são compostas pelas crises fiscais e financeiras em economias chave (50%), eventos climáticos extremos (36%), instabilidade social profunda e catástrofes naturais (a 34% e 32%, respetivamente).
Gestão de riscos nas empresas
Em 2019, 31% das empresas respondentes afirmam ter aumentado o valor orçamentado para a gestão de riscos.
Este valor fica aquém do registado no ano de 2018, onde 41% das empresas afirmava que o valor para esta rubrica tinha aumentado. Por fim, e sem grandes surpresas, dada a evolução observável desta rubrica nas empresas portuguesas, a maioria dos respondentes – com 52%, em 2019 – declara que o valor orçamentado para a gestão de riscos estabilizou nas suas organizações.
A empresa prevê o impacto das alterações climáticas, a crescente dependência cibernética, o aumento da polarização das sociedades, a crescente disparidade de rendimentos e distribuição de riqueza e a ascensão dos movimentos nacionalistas vão ser as cinco principais tendências que moldarão o mundo e afetarão a forma de fazer negócios.
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