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Ensino superior ensaia regresso à normalidade

O regresso às aulas no ensino universitário está tão dependente como todas as atividades das diretivas da Direção-Geral da Saúde (DGS), mas as universidades contactadas pelo Jornal Económico dizem-se preparadas para voltarem a receber presencialmente os alunos. Não há problemas logísticos de monta e as instituições são unânimes em considerar não apenas que estão preparadas, […]
5 Setembro 2021, 18h00

O regresso às aulas no ensino universitário está tão dependente como todas as atividades das diretivas da Direção-Geral da Saúde (DGS), mas as universidades contactadas pelo Jornal Económico dizem-se preparadas para voltarem a receber presencialmente os alunos. Não há problemas logísticos de monta e as instituições são unânimes em considerar não apenas que estão preparadas, como desejosas de receber os alunos, no pressuposto da “possibilidade de outro tipo de desenvolvimento pessoal que apenas se materializa através do convívio e da socialização”, como refere Clara Raposo, presidente do ISEG Lisbon School of Economics & Managemen.

As aulas presenciais são a regra, mas a pandemia induziu a utilização do online como complemento – se não voltar a ser obrigatório – do percurso escolar. “As aulas teóricas podem continuar a ser ministradas online”, disse fonte oficial da Universidade do Porto. Ou pelo menos parte, não só por implicarem menor exposição a ajuntamentos, mas também porque a docência percebeu algumas virtudes neste sistema: “Algumas cadeiras serão lecionadas em modelo blended (combinação de aulas presenciais e materiais online), não como resposta à Covid-19, mas como novo modelo de lecionação”, diz Maria Nolasco, diretora de Student Affairs da Nova SBE.
O mesmo se passa na Católica do Porto: “Os nossos alunos podem esperar um modelo de ensino blended, combinando ensino presencial de excelência que tanto nos caracteriza com o ensino digital de futuro”, refere Isabel Braga da Cruz, presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa.

De qualquer modo, as universidades reservam-se elasticidade suficiente para, em qualquer altura, e uma vez dado o alarme, alterarem substancialmente o regime de abertura previsto. “Se tivermos de ser mais restritivos estamos também preparados para um plano B, com um sistema híbrido, por turnos, de acesso ao campus”, diz Clara Raposo.

O mesmo se passa no Porto: “Vamos fazer rotação de estudantes. Assim, se surgir uma infeção, nem todos os estudantes ficam privados das aulas presenciais”. Em Coimbra, os procedimentos são genericamente idênticos: “A Universidade de Coimbra deverá seguir um modelo de ensino presencial estando, ainda assim, preparada para adotar formatos híbridos (com recurso às plataformas digitais UC Teacher e UC Student, criadas no ano letivo passado), em situações que o justifiquem e/ou caso surjam orientações da tutela e da DGS nesse sentido”, explica o reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão. Mais a norte, a Universidade do Minho “adotará horários alargados, incluindo o sábado de manhã, para desconcentrar o mais possível os estudantes e a facilitar o arejamento e a higienização dos espaços destinados às atividades letivas, bem como outros espaços de uso comum, designadamente refeitórios”, diz fonte oficial.

 

Precauções obrigatórias
Além do ‘descruzamento’ entre alunos, todas as instituições asseguram que o uso obrigatório de máscaras e a desinfeção são obrigatórias. Mas a Universidade do Porto tem a expectativa que os protocolos que delimitam o número de alunos em presença conjunta em determinado local possa ser alterado: “A Universidade espera que esses protocolos sejam alterados” pela DGS – o que necessariamente permitirá uma distensão do próprio processo de ensino. “Queremos criar as condições necessárias para que o ano decorra com a maior normalidade possível, em regime presencial. Se isso significar manter o uso de máscara no interior dos edifícios, mantê-lo-emos; quando a DGS nos garantir que é seguro abandonar o uso da máscara, abandoná-la-emos”, diz a Universidade do Minho.

“O uso de máscara em todo o campus, a preparação dos espaços em consonância com os distanciamentos recomendados, a desinfeção dos espaços são regras que temos implementadas e que garantem a segurança dos nossos alunos”, refere por seu turno Isabel Braga da Cruz.
As vacinas também deixarão de ser um problema. Para a Nova BSE, “a maioria da comunidade tem ambas as vacinas, ou terá muito em breve, pelo que consideramos que as atividades académicas serão mais seguras, até porque mantemos as regras do campus e o apoio ao aluno”. No Porto, a expectativa é igual e o crescimento do número de vacinados determinará “um abrandamento dos protocolos” que será vertido na mesma proporção para a qualidade do ensino e do relacionamento dos alunos no interior da instituição.

“A vacinação deverá garantir mais segurança, menos risco de contágio. Não deixará de ser importante, porém, que todos os protocolos de higiene e segurança continuem a ser cumpridos por todos. Não podemos desleixar-nos até termos mais certezas”, refere Clara Raposo, explicando que a sua instituição gastou parte do tempo em que não pôde contar com a presença dos alunos a alterar layouts de espaços comuns.

A conclusão parece clara: há em toda a comunidade universitária uma forte expectativa de que o ano letivo prestes a ter início (a Católica do Porto parece seguir à frente do resto do pelotão, abrindo a 6 de setembro) seja definitivamente presencial e gradualmente cada vez mais livre.

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