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Escalada da guerra comercial deixa FMI mais pessimista sobre a economia mundial

“A expansão manteve-se menos equilibrada e poderá ter atingido o pico em algumas das principais economias. Os riscos descendentes ao crescimento global aumentaram nos últimos seis meses e o potencial para surpresas positivas diminuiu”, alerta.
9 Outubro 2018, 02h01

O Fundo Monetário Internacional (FMI) está mais pessimista em relação ao crescimento económico global devido ao aumento dos riscos e menor equilíbrio da expansão. No World Economic Outlook (WEO) divulgado esta terça-feira, a instituição liderada por Christine Lagarde aponta especialmente para o potencial impacto da guerra comercial.

O crescimento esperado é consistente com o ritmo registado desde a segunda metade de 2016, com a expansão global do produto interno bruto (PIB) projetado em 3,7% tanto em 2018 como em 2019. Em ambos os casos, representa uma diminuição de 0,2 pontos percentuais face ao outlook de abril.

“A expansão manteve-se menos equilibrada e poderá ter atingido o pico em algumas das principais economias. Os riscos descendentes ao crescimento global aumentaram nos últimos seis meses e o potencial para surpresas positivas diminuiu”, explica o FMI.

O crescimento global deverá permanecer estável nos 3,7% até 2020, à medida que o declínio do crescimento nas economias avançadas com o desamantelar dos estímulos fiscais nos EUA e o recuar das consequências favoráveis da procura nos EUA para parceiros comerciais é contrabalançada por um aumento no crescimento de economia de mercados emergentes, segundo o FMI.

“A partir dessa altura, o crescimento global deverá desacelerar para 3,6% em 2022-2023, refletindo em larga medida a moderação no crescimento das economias avançadas em direção ao potencial desse grupo”, refere.

Efeito reforma fiscal desvanece nos EUA

A instituição liderada por Christine Lagarde indica que, nos EUA, o momentum permanece forte dado que os estímulos fiscais continuam a aumentar, mas a previsão para 2019 foi revista em baixa devido as medidas comerciais anunciadas recentemente, incluindo os 200 mil milhões de dólares em tarifas impostas à importações de produtos chineses.

A política monetária é outro ‘gatilho’ potencial. A economia dos EUA está acima do emprego pleno, mas o curso dos aumentos das taxas de juro que os mercados antecipam é menos acelerado que o projetados pela Reserva Federal.

Nesse sentido, a guerra comercial poderá ter também impacto na política monetária global. Enquanto as condições nos mercados financeiros permanecem acomodatícias nos mercados avançados, poderiam apertar mais rapidamente se, por exemplo, as tensões comerciais e a incerteza sobre políticas se tornarem mais intensas.

“Os riscos para o crescimento global estão inclinados para baixo no contexto de elevada incerteza sobre políticas. Vários dos riscos negativos salientados no WEO de abril – tal como o aumento das barreiras comerciais e a reversão dos fluxos de capital para países de mercados emergentes com fundamentais mais fracos e risco político – tornaram-se mais pronunciado ou materializaram-se parcialmente”, refere o FMI.

Cooperação é a ‘receita’ do FMI

Entre os mercados emergentes e economias em desenvolvimento, as perspetivas de crescimento de vários exportadores de energia têm sofrido melhorias pelo aumento dos preços do petróleo, mas a previsão do crescimento foi cortada na Argentina, Brasil, Irão e Turquia entre outros, refletindo fatores específicos, condições financeiras mais exigentes, tensões geopolíticas e mais custos na importação de petróleo.

“A China e vários outros países asiáticos deverão experienciar crescimento algo mais fraco em 2019, resultado das medidas comerciais”, sublinhou o FMI, que antecipa um crescimento do PIB da China de 6,6% em 2018 e 6,2% no ano seguinte (menos 0,2 pontos percentuais que na anterior projeção).

Neste cenário, o FMI aconselha o fomento da cooperação. “Os países têm de trabalhar em conjunto para enfrentar os desafios que se estendem além das suas fronteiras. Para preservar e alargar os ganhos de década de integração do comércio global, os países devem reduzir mais os custos do comércio e resolver as diferenças sem aumentar as barreiras que distorcem”, acrescenta.

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