[weglot_switcher]

Escolas suíças são passaporte para a hotelaria de luxo

Meia centena de jovens portugueses ingressam todos os anos nas escolas Glion e Les Roches para se especializarem. Suíça continua a dar cartas, mas Marbella está no topo das escolhas.
8 Março 2019, 00h10

Miguel começou na Les Roches de Marbella e terminou em Bluche, na Suíça. O irmão Gonçalo começou em Montreux, na Suíça e terminou em Londres. Qualquer um dos dois poderia ter escolhido Londres ou Xangai. “É muito raro ter um aluno que fica o tempo todo no mesmo país. Por norma, estudam em, pelo menos, duas delas”, sublinha Pedro Martins, responsável pelo recrutamento da Glion e Les Roches em Portugal, ao Educação Internacional.

As escolas Glion Institute of Higher Education e Les Roches Global Hospitality Education, do grupo Sommet Education, têm campus em Montreaux e Bluche nos Alpes suíços, na cosmopolita Marbella, na capital britânica e em Xangai, a primeira janela da China sobre o mundo nos tempos modernos.

Todos os anos entram nas escolas Glion e Les Roches meia centena de alunos oriundos de Portugal. Em comum têm o perfil internacional, o gosto por viagens, um bom nível de inglês e uma forte orientação para a indústria hoteleira ou para o mercado das marcas de luxo. Cerca de metade escolhe Marbella, que, com os seus cerca de 700 alunos, é o maior campus fora da Suíça. “Talvez, devido à proximidade geográfica, talvez porque a integração possa ser mais suave pelo facto de a escola ser mais pequena que as escolas suíças. Talvez, também, porque o preço é mais acessível”, explica Pedro Martins.

Os campus de Londres e Xangai têm um peso igual no seio do grupo, reunindo em conjunto cerca de mil alunos. E está enganado quem pensa que os portugueses não escolhem a China. Há um ano, a melhor aluna da Les Roches Global Hospitality Education foi uma portuguesa do Porto, conhecida pelo seu petit nom, Kika. “O aluno português tem uma educação de base que encaixa muito bem nas escolas do grupo, que são muito rigorosas no seu dia a dia”, justifica Pedro Martins.

No primeiro e no segundo ano da licenciatura das escolas do grupo, a base é igual para todos. O último ano, que se divide em dois semestres académicos, é de especialização. Os alunos podem escolher uma área concreta: Hospitality Management para quem ambiciona trabalhar em hotelaria ou restauração; Luxury Management para quem sonha entrar ou prosseguir no mundo das marcas de luxo, seja na relojoaria, no automóvel, seja no vestuário; Event Managament para quem está vocacionado para a área do entretenimento; e Entrepreneurship para aqueles que ambicionam construir o seu próprio negócio.

Em conjunto, Glion e Les Roches tem cerca de 5.000 alunos. Mais de metade na Suíça, o berço da formação hoteleira de luxo, onde um semestre custa à volta de 35 mil euros. Uma licenciatura tem sete semestres, dos quais cinco são académicos. Isto significa que uma licenciatura custa entre os 150 mil e os 160 mil euros. Em Marbella, o custo é menor: entre 21 mil e 22 mil por semestre, o que ainda assim perfaz uns 120 mil euros.

Estudar nestas escolas não é para qualquer bolsa. No entanto, segundo Pedro Martins, trata-se de um investimento com retorno mais do que garantido, dado o nível de emprego e a remuneração a que se pode ambicionar com uma formação desta natureza. “Mais de 300 empresas de topo do universo hoteleiro, como Four Seasons e Ritz-Carlton, bem como marcas de luxo como a Cartier, Porsche, Apple, Louis Vuitton, entre outras, recrutam nas nossas escolas”, realça.

Os dois últimos semestres do curso são ocupados com estágios práticos em empresas, a maior parte remunerados, a maior parte garantindo emprego a seguir. Um jovem que estagie, por exemplo, na Suíça pode, à partida, contar com uma remuneração entre os 1.500 e os 1.600 euros. Se escolher o Dubai, tem direito a alojamento, alimentação e pocket money.

O processo de seleção para entrar na Glion e na Les Roches é exigente e feito com grande antecedência, segundo nos explica Pedro Martins. Começa com apresentações nos colégios internacionais em todo o país, que decorrem entre outubro e janeiro, e só depois se fazem as rondas de encontros personalizados com jovens talentos interessados em reforçar o seu percurso académico com uma experiência internacional, através destas instituições de reconhecimento mundial.

As Personal Meetings têm o formato de entrevista individual, duram cerca de uma hora por candidato e realizam-se em hotéis prestigiados de Lisboa e Porto. Os potenciais alunos podem obter informação detalhada não só acerca das instituições e dos seus cursos, como também tirar dúvidas sobre os métodos de ensino, parcerias empresariais e oportunidades de carreira. Os anos letivos têm início em duas datas, fevereiro e setembro. “As entrevistas personalizadas não são feitas na escola, mas sim em ambiente de trabalho para que os futuros alunos e as famílias percebam que a formação não visa apenas a obtenção de um diploma. Antes pretende ser uma forma de estar na vida”, explica Pedro Martins. Para quem não quiser desperdiçar 2019, deve marcar na agenda a data de 2 de setembro, início da segunda chamada nas escolas Glion e Les Roches. Um percurso feito degrau a degrau, que valoriza o conhecimento adquirido em todas as etapas.

Segundo Pedro Martins, ninguém que saia da Glion Les Roches poderá chegar a diretor de hotel de luxo sem ter executado todas as tarefas que vão da base até ao topo da pirâmide.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.