Espanha: Mulher de Pedro Sánchez novamente alvo de investigação judicial

Juan Carlos Barrabés, promotor da Cátedra Begoña Gómez da Universidade Complutense de Madrid (UCM), recebeu mais de quatro milhões de euros de diferentes fundos europeus através de prémios do Estado. A empresa Innova Next foi beneficiária por contratos financiados por Bruxelas em três ocasiões e por entidades públicas, duas vezes através do ICEX Espanha Exportação e Investimento e outra através do Conselho Superior do Desporto (CSD). A imprensa espanhola adianta que o Ministério Público da UE está agora a analisar os acordos da empresa de Barrabés com a Red.es, a empresa pública ligada ao Ministério da Transformação Digital, depois de a mulher do chefe do governo, Pedro Sánchez, ter emitido uma carta de recomendação.

“Serviço de apoio no acompanhamento e controlo do serviço ICEX-eMarket Services de Consultoria Estratégica em Vendas Online Internacionais”. É esse o objetivo do primeiro dos contratos, neste caso financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). O ICEX concordou com a atribuição do negócio a Barrabés em outubro de 2021 por um valor de 130 mil euros, incluindo impostos. Em junho do ano seguinte, mas desta vez com verbas do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência, a mesma entidade estatal adjudicou um contrato de, inicialmente, 169 mil euros para prestação de serviços de consultoria para internacionalização empresarial, embora em janeiro de 2024 tenha sido modificado, aumentando o valor total oferecido para 340 mil, recorda o “El Economista”.

No dia 28 de maio, a Unidade Operacional Central (UCO) da Guarda Civil fez buscas nos gabinetes do CDS durante três horas, recolhendo toda a documentação possível sobre um contrato no valor de mais de 3,5 milhões de euros que se destinava ao próprio Innova Next SLU. O acordo, que foi fechado em agosto de 2022, é subsidiado com capital europeu através do Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência.

Carlos Barrabés é o principal empresário no caso Begoña Gómez. Foi ele quem concebeu a Cátedra de Transformação Social Competitiva que agora é dirigida pela mulher do presidente do governo e que a convenceu a iniciá-la. Em julho de 2020, Begoña Gómez, que já era codiretora do Mestrado em Captação de Recursos (o objetivo do curso é a captação de recursos públicos europeus e privados), emitiu duas cartas de recomendação à União Temporária de Empresas (UTE), formada pela Innova Next SLU, controlada pela Barrabés, e pela The Valley Digital Business School.

Poucas semanas depois, em 5 de agosto de 2020, a joint venture candidatou-se a três licitações Red.es, sendo escolhida em todas elas, entre muitas outras licitantes, para contratos que totalizaram 10,2 milhões, incluindo impostos. A Procuradoria Europeia está agora a investigar este contrato caso pudesse ter sido financiado com fundos comunitários. Na Plataforma de Contratação Pública do Sector, o dossiê indica que é financiado por “outros fundos europeus”; no entanto, não consta explicitamente como tal no contrato.

Por iniciativa de Begoña Gómez, Pedro Sánchez reuniu-se no Palácio da Moncloa com Carlos Barrabés no verão de 2020 com o objetivo de estudar como canalizar os fundos a serem aprovados, ou recentemente aprovados, da União Europeia. A pedido dos procuradores europeus, o juiz de instrução do caso, Juan Carlos Peinado, já enviou toda a documentação relativa aos contratos e adjudicações feitos à Procuradoria Europeia.

Ainda segundo o mesmo jornal, Begoña Gómez terá de depor como investigada no Tribunal de Instrução número 41 de Madrid por um alegado crime de tráfico de influência e corrupção nos negócios em 5 de julho. O magistrado convocou-a para dar explicações sobre os contratos adjudicados ao empresário Carlos Barrabés com a sua intermediação, entre outros, para Red.es.

O juiz também adiou para 16 de junho o depoimento de testemunhas que havia marcado esta quinta-feira, 6 de junho, em resposta aos pedidos de várias defesas, incluindo a da própria Gómez.