[weglot_switcher]

Espanha: PP baralha a geometria política da Catalunha

Pablo Casado quer que o Ciudadanos se abstenha e assim deixe passar o próximo governo do PSOE, mas afirma que o PP não poderia nunca fazê-lo. A estratégia serviria apenas para enfraquecer os independentistas.
7 Maio 2019, 07h38

Não é propriamente costume, mas os espanhóis parecem ter ficado espantados com a posição do Partido Popular (PP) – um dos maiores derrotados das eleições de há pouco mais de uma semana – sobre o próximo governo liderado pelo PSOE de Pedro Sánchez.

À saída de uma reunião de Sánchez com o líder do PP, Pablo Casado, este afirmou que em nenhuma circunstância o seu partido poderia senão votar contra o governo liderado pelo PSOE, qualquer que ele seja, mas apelou ao Cuidadanos (agora a segunda força no Parlamento) para que se abstenha. A razão de tão inesperada posição é simples: se o Ciudadanos se abstiver e com isso permitir que o PSOE forme governo (matemática para que o PP também serviria), os socialistas não terão de ficar nas mãos dos independentistas para conseguirem chegar à maioria necessária para formar governo.

Como era evidente, o Ciudadanos não se comprometeu com semelhante apelo, mas o certo é que o PSOE tem aqui uma janela de oportunidade. Recorde-se que os independentistas da Catalunha e do País Basco apoiaram o anterior governo de Pedro Sánchez e que o inviabilizaram depois de recusarem votar favoravelmente o Orçamento do Estado para este ano.

Com certeza que Sánchez tem muito pouca vontade de voltar a enfeudar o seu futuro político imediato ao mesmos partidos, mas a matemática saída das eleições a isso obrigaria por certo. A não ser que o Ciudadanos (ou o PP) se comprometa a abster-se na hora da apresentação do novo elenco do governo.

Claro que, se isso acontecer, dizem os analistas, o futuro governo ficaria nas mãos do Ciudadanos – que já demonstrou ser, nestas coisas de ‘pouca confiança’: foi o facto de aquele partido ter deixado de apoiar o governo do popular Mariano Rajoy e de se ter mudado para o outro lado, para o lado do PSOE, que permitiu a Sánchez chegar a chefe do governo.

Entretanto, as negociações prosseguem e os próximos a serem recebidos por Pedro Sánchez são o Unidos Podemos (coligação entre a Esquerda Unida – onde pontificam os sobreviventes do ‘defunto’ Partido Comunista Espanhol, de Santiago Carrillo – e o Podemos). O seu líder, Pablo Iglesias, já disse que parte para o debate com Sánchez “sem linhas vermelhas” – mas a enorme queda que o seu partido conheceu nas eleições desbotou (se é que não arrasou mesmo) o seu sonho de fazer parte do próximo executivo.

De qualquer modo, Sánchez, que continua a insistir em governar sozinho com o recurso a um acordo meramente parlamentar, ainda parece estar longe de poder apresentar aos parlamentares a composição do seu próximo governo.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.