Tudo indica que a segunda votação de investidura do governo espanhol, que se realizará amanhã, quinta-feira, será suficiente para que o país passe a contar com um governo e esqueça o fantasma da repetição das eleições. Na votação de ontem, nenhuma surpresa: os Unidos Podemos absteve-se, deixando claro que, sem o seu contributo, o PSOE não terá forma de conseguir um governo.
As posições, entretanto, foram-se extremando, para depois coincidirem: logo depois da votação, os jornais espanhóis davam conta de que as negociações entre o PSOE e o Unidos Podemos estariam bloqueadas e que Pedro Sánchez não iria ceder à espécie de chantagem que o Unidos Podemos estava a tentar. Mas, num segundo momento, as mesmas fontes anunciavam que as cúpulas dos dois partidos estavam novamente reunidas para chegarem a acordo.
Mas toda a situação esteve envolvida no devido dramatismo: Irene Montero, porta-voz do Unidos Podemos, havia solicitado que pudesse votar telematicamente, devido ao seu estado avançado de gravidez. Ora, Irene Montero votou ‘não’ (logo às primeiras horas da manhã e antes da votação geral) em vez de se abster, como fariam os restantes membros do partido. A falta de sintonia permitiu a Pedro Sánchez perceber que o Unidos Podemos não iria ‘fincar o pé’ e daria nota de que estava disponível para regressar à mesa das negociações. Como acabaria por suceder.
Depois destas peripécias, os analistas convergem para a opinião segundo a qual a segundo ronda de negociações irá permitir ao POSE formar governo, desta vez com o ‘sim’ do Unidos Podemos.
Na votação de ontem, Pedro Sánchez contou com 124 votos a favor, longe dos 176 que precisava para ser eleito presidente do governo. Aos 123 votos socialistas só se juntou o do deputado do PRC (Partido Regiuonalista da Cantábria), José María Mazón. O resto da Câmara optou pela abstenção (52, Unidos Podemos, PNV, Compromís e Bildu) e pelo ‘não’ (170, PP, Citizens, Vox, ERC, Junts por Catalunya, Navarra Suma e Coalición Canaria).
Ora, feitas as contas (prováveis), na votação de amanhã Pedro Sánchez poderá contar com os votos favoráveis do PSOE, PRC e Unidos Podemos, ou seja, 123, mais o PRC, mais os 53 do Unidos Podemos), o que faz 176, enquanto o ‘não’ ficará pelos 169 – os de ontem menos o de Irene Montero).
Tudo leva assim a crer que a crise que permitia antever a necessidade da marcação de eleições antecipadas está ultrapassada e que o governo poderá agora – com o programa já apresentado – proceder à formação do executivo e fechar, pelo menos para já, o prolongado período de crise política que o país vem vivendo há muitos meses.
Mas, com a insistência na criação de um executivo de cor única, alguns analistas previram que Pedro Sánchez não ganhou mais nada senão uma prolongada dor de cabeça, numa legislatura que o fará perder mais tempo com a necessidade de acordos para fazer passar as leis, que propriamente com a governação.
Depois de agosto, logo na rentrée política, por certo tudo ficará mais claro
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