Está cada vez mais difícil Portugal crescer acima de 2% este ano, avisa Fórum para a Competitividade

A incerteza global e a fraca prestação da economia nacional reforçam a perceção do Fórum para a Competitividade de que será difícil alcançar um crescimento acima de 2% este ano, alinhando-se com as previsões atualizadas de Bruxelas. O forte final de ano em 2024 gerava esperanças de um novo ano com crescimento acima de 2%, mas a deterioração externa torna este cenário cada vez menos provável.

Na nota de conjuntura de maio, o Fórum aponta para o fraco desempenho do primeiro trimestre, em que o PIB recuou 0,5% em cadeia, para argumentar que a economia nacional perdeu fulgor e que um crescimento acima de 2% este ano é cada vez menos viável. Tal sucede apesar da “estabilidade política no curto prazo” que as eleições legislativas aparentam ter conferido, ainda que as perspetivas de médio prazo sejam “mais incertas”.

“As maiores dúvidas residem na capacidade de o novo executivo e o novo parlamento conseguirem aprovar as reformas de que a economia necessita, de modo a permitir um aumento sustentado dos salários e do nível de vida em Portugal”, lê-se na nota.

Por outro lado, a deterioração das perspetivas externas castiga a economia nacional, isto apesar do “cessar-fogo entre os EUA e a China”. Relativamente à UE, a relação “foi muito volátil” e a incerteza continua em alta, dado que não se pode “confiar nas palavras de Trump, que se desdiz no prazo de apenas uma semana”.

Ainda assim, a confiança dos agentes aumentou de forma transversal, abrangendo todos os setores produtivos e os consumidores. A ajudar nesta evolução está a expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) continue a cortar juros, o que representa “um dos poucos aspetos positivos da atual conjuntura, embora estejamos cada vez mais próximos do fim destes estímulos monetários”.

No início deste ano, o Fórum antecipava que seria fácil para a economia portuguesa manter um crescimento acima de 2% este ano, até pelo ‘carryover’ de 1,3% que se verificava do ano passado (ou seja, na ausência de crescimento em cadeia este ano, a economia avançaria 1,3%).