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Estado cabo-verdiano perde controlo da Cabo Verde Fast Ferry

A empresa de transportes marítimos passou a ser controlada (51%) por acionistas privados. No ano passado, a Cabo Verde Fast Ferry e a Polaris foram excluídas do concurso para a Concessão do Serviço Público de Transporte Marítimo de Passageiros e Carga Inter-ilhas por não cumprimento dos requisitos exigidos quanto à capacidade financeira. O grupo português Transinsular venceu-o.
9 Janeiro 2019, 18h54

O Estado deixou de ser maioritário na Cabo Verde Fast Ferry (CVFF). A empresa de transportes marítimos passou a ser controlada pelos acionistas privados, que detêm agora a maioria das ações (51%). Governo e autarquias passam a deter 45% e 4%, respetivamente.

A informação é avançada num comunicado de imprensa que também dá conta de que, na decorrência da última assembleia geral (AG) extraordinária da CVFF, realizada a 18 de dezembro de 2018, Andy Andrade, fundador e o primeiro PCA da  empresa,  foi eleito para assumir a empresa, por unanimidade dos votos dos acionistas. A mesma AG tomou a decisão de aumentar a capital da Cabo Verde Fast Ferry, mas não menciona o montante.

Assumindo uma posição muito mais fortalecida enquanto acionista maioritário entre os ‘stakeholders’ privados, o novo PCA da CVFF anuncia o pagamento dos últimos juros de 10% dos obrigacionistas do Grupo A já no dia 2 de fevereiro, garantindo também que até julho deste ano estes investidores terão o retorno do investimento feito em 2009.

Um dos desafio assumidos pela nova administração da Cabo Verde Fast Ferry é ainda a modernização e consolidação do posicionamento da companhia como um parceiro sólido na integração social e económica de todas as ilhas. Com três barcos a operar em todo o país, a administração acredita que a CVFF está melhor posicionada para garantir ligações regulares entre as ilhas, num mercado que espera ter “regras iguais para todos”

“A nova gestão da CVFF conta apresentar já nos próximos 60 a 90 dias uma série de reformas e melhorias operacionais, com foco no atendimento aos clientes e com vista a reforçar a confiança e imagem da empresa como, também, posicionar a CVFF como um parceiro sólido na integração social e económica de todas as ilhas”, pode ler-se no documento.

A CVFF e a Polaris, as únicas empresas cabo-verdianas, foram excluídas, no ano passado, do concurso para a Concessão do Serviço Público de Transporte Marítimo de Passageiros e Carga Inter-ilhas por não cumprimento dos requisitos exigidos quanto à capacidade financeira. O grupo português Transinsular venceu o concurso que introduziu o modelo de concessão única de serviço público de transportes marítimos, mas o governo fez saber que o mercado dos transportes marítimos continuaria aberto para os armadores nacionais.

Em março do ano passado, o ministro de Economia e Transporte, José Gonçalves, chegou a anunciar, em entrevista à “RDP África”, a extinção da empresa CVFF, tendo este, depois de confrontado, afirmado que as suas palavras foram descontextualizadas e mal interpretadas. Na mesma ocasião, o executivo prometeu dar todo o apoio necessário à CVFF para que esta pudesse continuar a prestar o serviço de transportes marítimos interilhas com segurança, regularidade e comodidade, “até que sejam encontradas soluções iguais ou melhores com condições de maior sustentabilidade económica e financeira”.

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