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Estados Unidos reuniram-se com a Ucrânia na Arábia Saudita, segue-se a Rússia

Enviado norte-americano espera conseguir acabar com a guerra em poucas semanas. Segundo o Kremlin, o encontro desta segunda-feira entre as delegações russa e norte-americana servirá para iniciar a preparação de um encontro entre Trump e Putin.
24 Março 2025, 07h00

Equipas de negociadores ucranianas e norte-americanas iniciaram este domingo mais uma ronda de negociações sobre um conjunto de propostas para proteger instalações de energia e infraestrutura crítica. O encontro na Arábia Saudita, que antecede as negociações desta segunda-feira entre as delegações dos Estados Unidos e da Rússia, ocorreu enquanto o enviado especial norte-americano, Steve Witkoff, expressou otimismo sobre a possibilidade de acabar com o conflito. “Sinto que (o presidente russo Vladimir Putin) quer paz”, disse Witkoff à Fox News no domingo. “Acho que vocês verão na Arábia Saudita na segunda-feira algum progresso real, particularmente no que diz respeito a um cessar-fogo no Mar Negro. E a partir daí, naturalmente iremos em direção a um cessar-fogo completo”.

Entretanto, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Waltz, disse que os Estados Unidos estão a debater uma série de medidas que impliquem o estabelecimento de uma base de confiança destinada a acabar com a guerra, incluindo sobre o futuro das crianças ucranianas levadas para a Rússia. Waltz disse que depois de um cessar-fogo no Mar Negro ser conseguido, “conversaremos sobre a linha de controlo, que são as verdadeiras linhas da frente”. “E isso entra nos detalhes dos mecanismos de verificação, manutenção da paz, congelamento das linhas onde elas estão”, disse. “E então, é claro”, chegará a vez de uma “paz mais ampla e permanente”.

Ao anunciar o início das negociações em Riade, o ministro da Defesa da Ucrânia, Rustem Umerov, que lidera a delegação do seu país, disse nas redes sociais que “estamos a implementar a diretriz do Presidente da Ucrânia para nos aproximarmos de uma paz justa e fortalecer a segurança”.

Putin concordou na semana passada com a proposta de Trump para que a Rússia e a Ucrânia interrompessem os ataques a infraestruturas energéticas por 30 dias, mas esse cessar-fogo estritamente definido foi colocado em dúvida de imediato, com ambos os lados a avançarem que os ataques a essas infraestruturas continuaram. Refira-se que um ataque de drones russos em larga escala em Kiev durante a noite de sábado para domingo matou pelo menos três pessoas, incluindo uma criança de 5 anos, causou incêndios em prédios de apartamentos e vários outros danos em toda a capital. Do outro lado, as autoridades militares russas disseram que as suas defesas aéreas destruíram 59 drones ucranianos que tinham como alvo as regiões do sudoeste do país, acrescentando que os ataques mataram uma pessoa em Rostov.

O presidente norte-americano, Donald Trump, disse este fim-de-semana que os esforços para impedir uma nova escalada na guerra Ucrânia-Rússia estão “sob controlo”. A “Bloomberg” avançou que os Estados Unidos esperam chegar a um amplo cessar-fogo dentro de algumas semanas, previsivelmente até 20 de abril.

Os contactos de Trump com Putin — dois telefonemas anunciados publicamente, mas possivelmente outros, especula a imprensa norte-americana — não foram do agrado dos líderes europeus, que temem que Washington possa estar pouco focada nos interesses da Europa na esperança de fechar um acordo de paz com a Rússia como parte de um acordo mais amplo que envolva o preço do petróleo, o Oriente Médio e a competição com a China. Reino Unido e França estão, deste lado do Atlântico, a liderar os esforços europeus para reforçar o apoio militar e logístico à Ucrânia. Mas Steve Witkoff minimizou essas preocupações entre os aliados europeus de Washington na NATO. “Simplesmente não vejo que [Putin] queira tomar toda a Europa. Esta é uma situação muito diferente do que era na Segunda Guerra Mundial”, disse.

Refira-se que o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não desmentiu que os presidentes russo e norte-americano possam ter tido outros contatos nos últimos meses, além daqueles oficialmente anunciados. “Estamos a informar sobre as conversas que conhecemos, mas não podemos descartar o resto”, disse Peskov, citado pela imprensa russa. Peskov também disse que o encontro entre os dois presidentes deve ser cuidadosamente preparado e requer negociações técnicas difíceis. “Na segunda-feira, os nossos negociadores viajarão para Riade para iniciarem esse difícil processo”, disse.

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