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Estímulos devem desencadear grande recuperação de ações chinesas

“As medidas surpreendentes de apoio ao mercado [pelo Banco Popular da China] devem ajudar a melhorar o sentimento e a liquidez dos investidores e levar os mercados doméstico e estrangeiro a reagir positivamente no curto prazo”.
China
A surveillance camera is silhouetted behind a Chinese national flag in Beijing, China, November 3, 2022. REUTERS/Thomas Peter/File Photo
25 Setembro 2024, 07h52

O mais ambicioso pacote de estímulos para as praças financeiras chinesas desde a crise de 2015 levou alguns bancos e gestores de Wall Street a prever uma recuperação dos títulos mobiliários do país, após três anos em queda.

O Banco Popular da China (banco central) anunciou na terça-feira a compra de 800 mil milhões de yuan (102 mil milhões de euros) em ações, juntamente com a redução das taxas de juro, redução do rácio de reservas e outras medidas de apoio.

As medidas, sem precedentes na história recente do mercado bolsista chinês, de acordo com analistas, suscitaram uma valorização de 4,2% na bolsa de Xangai, e de 4,1% na bolsa de Hong Kong.

“Consideramos as medidas anunciadas como um passo absolutamente positivo, dada a sua natureza sem precedentes e os valores do financiamento prometido”, afirmou Laura Wang, estratega de ações do banco de investimento Morgan Stanley, numa nota.

“As medidas surpreendentes de apoio ao mercado [pelo Banco Popular da China] devem ajudar a melhorar o sentimento e a liquidez dos investidores e levar os mercados doméstico e estrangeiro a reagir positivamente no curto prazo”, acrescentou.

Na terça-feira, o banco central informou que as companhias de seguros, os gestores de ativos e as empresas de valores mobiliários vão poder utilizar obrigações, fundos de ações negociados em bolsa e ações individuais de empresas do CSI 300, o índice com as principais empresas do país, como garantia para adquirir obrigações do tesouro.

As empresas públicas vão também poder recorrer a um novo mecanismo de empréstimo de 300 mil milhões de yuan (38 mil milhões de euros) criado pelo banco central para efeitos de recompra de ações.

O governador da instituição, Pan Gongsheng, afirmou que está também a ser preparado um fundo de estabilização do mercado.

Os 800 mil milhões de yuan (102 mil milhões de euros) do pacote de estímulos equivalem aproximadamente a 3% da atual capitalização bolsista do mercado de ações A da China, de acordo com um relatório do Morgan Stanley.

“O sentimento de urgência pode convencer os investidores de que mais apoio político está a caminho”, observou Chaoping Zhu, estratega de mercado global da JP Morgan Asset Management, com sede em Xangai. “Vemos oportunidades de valor e de diversificação nas ações chinesas, tendo em conta a valorização dos mercados em todo o mundo”, apontou.

O débil consumo doméstico, a queda dos lucros e a longa crise imobiliária têm corroído a confiança dos investidores na segunda maior economia mundial. O índice CSI 300 caiu cerca de 2% este ano, após três anos de quedas sem precedentes, para negociar ao nível mais baixo em comparação com os pares mundiais.

O anúncio de estímulos pode desencadear um salto “maior do que o habitual” agora que as avaliações estão a níveis deprimidos, indicou Richard Tang, estratega da China e chefe de investigação do Julius Baer em Hong Kong.

“O apoio à liquidez sem melhorias macroeconómicas contínuas tem mais probabilidades de resultar em recuperações de curta duração”, apontou o documento do Morgan Stanley. “Gostaríamos de ver uma trajetória diferente desta vez, mas aconselhamos que é necessária mais paciência”, notou.

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