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Estou a pagar o que devo nas telecomunicações?

Não faz sentido dizer que pagamos, por exemplo, 50 euros de Televisão, Internet e Telefone quando na realidade é 54,35€. Mais 4,35€ ou menos 4,35€ fazem muita diferença. Se anualizarmos este valor, então começamos a ter outro respeito por estes arredondamentos. Siga estas e outras dicas de João Raposo, administrador da Reorganiza.
26 Março 2021, 09h15

Talvez não tenhamos a resposta pronta a esta questão. Somos capazes de ter uma noção de quanto pagamos por mês mas será que esse valor é o exato? E será que podia pagar menos? Temos noção do detalhe da nossa fatura? Quais os serviços subscritos? Se pagasse menos, o que poderia fazer com este dinheiro extra?

Estas são algumas das inquietações que acompanham muitos portugueses mas poucos são aqueles que tomam o primeiro passo para poupar nesta rubrica do Orçamento Familiar.

 

Uma noção exata

É comum vermos campanhas das operadoras de telecomunicações a incentivar o débito direto da mensalidade deste serviço. A argumentação comercial está assente na comodidade de ter um pagamento automático e assim evitar a preocupação mensal com este pagamento. Embora reconheça que seja mais prático, a verdade é que a modalidade de débito automático tira-nos a noção exata de quanto estamos a pagar por aquele serviço. Perdemos o hábito de ver o detalhe da fatura e com isto passamos a considerar um valor que pode não ser o real.

Não faz sentido dizer que pagamos, por exemplo, 50 euros de Televisão, Internet e Telefone quando na realidade é 54,35€. Mais 4,35€ ou menos 4,35€ fazem muita diferença. Se anualizarmos este valor, então começamos a ter outro respeito por estes arredondamentos: 4,35 * 12meses representam mais de 50€ num ano.

 

Como pagar menos:

A concorrência traz exigência na qualidade da prestação do serviço e deverá beneficiar o consumidor na negociação com os prestadores de serviço. Mas esta vantagem só é real se fizermos alguma coisa por isso.

Assim sendo, é essencial conhecer o que faz a concorrência para assim ter acesso às melhores tarifas do mercado e ir melhor preparado para a negociação. Lembre-se de que a sua operadora de telecomunicações só vai reagir comercialmente se for forçada por si. Caso contrário irá sempre aproveitar-se da inércia que caracteriza o ser humano.

Se com a ameaça de mudar de operadora conseguimos reduzir nem que seja, por exemplo, os mesmos 4,35€ que referíamos acima, então fica claro que estamos perante uma poupança superior a 50€ por ano. Agora pense no que faria se tivesse uma nota de 50€ na sua mão. Não lhe parece que vale a pena começar a negociar já hoje?

 

O “papão” da fidelização

O maior bloqueio para a negociação é o custo de abandonar um contrato que tem um período de fidelização associado. Esta estratégia de aprisionamento dos clientes tem vindo a ser amplamente discutida. Os operadores de telecomunicações querem garantir que o custo de instalação de um serviço é compensado pelo número de mensalidades contratadas. Tipicamente esta fidelização é de 2 anos (serão necessários 24 meses para pagar todo o custo de equipamentos e instalação? É uma pergunta que deveria ser mais discutida…) mas não tem de ser assim! Desde 2016 que passou a ser obrigatório às empresas prestadoras de serviços de telecomunicações disponibilizarem oferta sem período de fidelização ou com apenas 6, ou 12 meses, de fidelização. Claro que as condições são diferentes mas pode fazer sentido avaliar o custo de oportunidade. Mesmo no decorrer do contrato é importante ter claro que pode pedir à operadora, a qualquer momento e sem custos, a fatura com o valor a pagar pelo cancelamento do período de fidelização, pois este custo não é necessariamente o valor das prestações em falta. Poderá ser significativamente inferior.

 

O que fazer com a poupança

O esforço para este tipo de negociação é muito reduzido mas claro que ainda assim há algum trabalho a fazer. Por isso, algumas pessoas desanimam porque consideram que não é significativo o que se ganha. Para que não lhe falte a motivação neste, ou noutro tipo de negociações, aconselhamos que tenha diante de si o propósito da poupança que vai alcançar com a negociação. Se tivermos definido o que queremos fazer com esta poupança, então a nossa astúcia negocial irá melhorar e os resultados serão mais efetivos.

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