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Estrangeiros controlam setor privado da água em Portugal

Dos sete maiores grupos privados do setor, apenas um é controlado exclusivamente por empresas portuguesas: a Aquapor, dos grupos de origem bracarense DST, ABB e Bragaparques.
2 Julho 2017, 19h25

Com a venda da posição de cerca de 50% da Mota-Engil na concessionária Indáqua, em fevereiro de 2016, o setor privado de abastecimento de águas ao domicílio em Portugal passou a ser fortemente dominado por grupos estrangeiros.

Além dos resistentes nacionais, constituídos pelas construtoras de raiz bracarense que controlam a Aquapor – ABB, Bragaparques e DST, cada um com um terço do respetivo capital – os restantes protagonistas do setor são estrangeiros, desde chineses a israelitas, passando por espanhóis e japoneses, sem esquecer os chineses, os norte-americanos e os alemães.

De acordo com dados disponibilizados ao Jornal Económico pela Indáqua, uma das líderes do setor, cinco dos sete maiores operadores do setor em Portugal são controlados por grupos estrangeiros. Com uma quota de 29,1% nas águas e de 24,8% na gestão de resíduos (dados de 2016, segundo a população abrangida) a Indáqua tem predomínio nessa área de atividade.

Começando por esta concessionária, que gere seis serviços de abastecimento de águas, em particular no norte do país, os donos da empresa, com 50,1% do capital – são o grupo Myia, de origem israelo-americana. Os restantes 49,9% estão nas mãos de um fundo de investimento alemão, o Talanx. A empresa faturou no ano passado cerca de 63 milhões de euros.

Em segundo lugar, surge a referida Aquapor, controlada pelas portuguesas ABB, Bragaparques e DST. Gere 11 concessões em baixa e duas em alta e gerou um volume de negócios de 65,5 milhões de euros no ano passado.

Na terceira posição, aparece a AGS, que já foi detida pela Somague (que também já foi portuguesa, estando hoje no perímetro do grupo espanhol Sacyr). Hoje em dia, a AGS é gerida pelo grupo japonês Marubeni, que domina 50% do respetivo capital, estando a outra metade sob controlo de outro grupo nipónico, o INCJ. Em 2016, a AGS faturou 59,3 milhões de euros.

Outro grande protagonista nesta área de atividade é o grupo chinês Beijing Enterprises Water Group, que em 2013 comprou ao grupo francês Veolia as quatro concessões de águas em exploração em Portugal, com um especial foco na região do Algarve. A empresa geriu um volume de negócios de 42,5 milhões de euros no exercício de 2016.

A seguir, surge o grupo espanhol Sacyr Vallehermoso, que depois da venda da AGS, ainda controla três concessões de águas em Portugal. Esta atividade resultou numa faturação de cerca de 15 milhões de euros no ano passado.

Também de origem espanhola é a Aqualia, pertencente ao grupo espanhol FCC – Fomento de Contratas y Construcciones, liderado por Esther Koplowitz. A Aqualia é um dos líderes do setor em Espanha. Em Portugal, gere cinco concessões de água em baixa, tendo movimentado um volume de negócios de 11,2 milhões de euros no ano passado.

Por fim, entre os maiores grupos de concessões privadas de abastecimento de águas em Portugal encontra-se a Lena Ambiente, constituída em 1998. Neste momento, o grupo da região Centro de Portugal gere duas concessões em baixa, em associação com a citada espanhola Aqualia. Esta concessionária proporcionou um volume de negócios de 2,3 milhões de euros no ano transacto.

No conjunto, estas sete concessionárias privadas de abastecimento de águas em Portugal conseguiram um volume de negócios de 216,5 milhões de euros ao longo do ano passado.

A Indáqua, que detém cerca de 30% da quota de mercado deste negócio, promete investir mais no mercado nacional nos próximos dois anos (ver texto ao lado) para consolidar e até reforçar essa posição.

Além das oito concessões que gere em Portugal (Fafe, Santo Tirso/Trofa, Feira, Matosinhos, Vila do conde, São João da Madeira, e Oliveira de Azeméis), a Indáqua ainda controla mais duas concessões de águas em Angola.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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