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Estudo Deloitte para a ALF diz que Leasing, Factoring e Renting deviam financiar a transição verde

Entre as principais conclusões está que os fatores essenciais para o crescimento dos produtos de financiamento especializado nos próximos ano são a adaptação aos novos desafios da sociedade, como a transição energética, as tendências futuras da mobilidade ou a inovação tecnológica.
28 Novembro 2024, 21h14

A consultora Deloitte produziu um estudo para a Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF) sobre o futuro destes produtos de Financiamento Especializado. O estudo foi apresentado hoje, 28 de novembro, em Lisboa, e  aponta desafios e oportunidades do Leasing, Factoring e Renting.

Entre as principais conclusões está que os fatores essenciais para o crescimento dos produtos de financiamento especializado nos próximos ano são a adaptação aos novos desafios da sociedade, como a transição energética, as tendências futuras da mobilidade ou a inovação tecnológica. Também a aposta crescente no financiamento às PME devem ser prioridades do Leasing, do Factoring e do Renting em Portugal, de acordo com estudo da Deloitte para a ALF. Estes são fatores essenciais para o crescimento dos produtos de financiamento especializado nos próximos anos.

De acordo com o mesmo estudo, há três fatores que estão a redefinir o panorama de investimento e financiamento na Europa, particularmente em Portugal, e que têm influência no crescimento do Financiamento Especializado: a Transição Energética; a RE industrialização da Europa; a Guerra e Autonomia Estratégica.

“Quer no tecido económico em geral, quer na área do financiamento especializado em particular, as empresas que conseguirem adaptar-se e inovar em resposta a estas tendências terão uma posição vantajosa para crescer e prosperar nos próximos anos”, defende a Deloitte.

A consultora diz ainda que “a transição energética assente na descarbonização da economia e da sociedade em geral é uma enorme oportunidade para o crescimento do financiamento especializado”. Dá o exemplo do Leasing, que surge como um produto cada vez mais preferido para “ser verde”, permitindo às empresas maior flexibilidade em se financiarem para a aquisição de equipamentos energeticamente mais eficientes.

“Neste contexto, ativos como painéis solares e veículos elétricos são muitas vezes demasiado dispendiosos e não constituem uma prioridade de investimento de capital para muitas empresas, razão pela qual, as soluções de Leasing ou Renting poderão permitir às empresas avançar com decisões de investimento em recursos mais ‘verdes’ e sustentáveis”, acrescenta.

A Deloitte destaca que a pandemia e a guerra na Ucrânia “expuseram vulnerabilidades nas cadeias de abastecimento globais, levando a Europa a reconsiderar a sua dependência de importações. Por outro lado, a nova presidência nos EUA deverá trazer um maior protecionismo e por isso consequências para as exportações europeias e logo portuguesas”.

O consenso pró-globalização está por isso a ser reavaliado, com um novo enfoque na reindustrialização e na proteção de setores estratégicos.

Para Portugal, isto pode traduzir-se em oportunidades de crescimento em indústrias-chave, promovendo uma maior autosuficiência e resiliência económica.

Além disso, a deslocação de partes das cadeias de produção de volta para a Europa pode criar oportunidades de negócios e empregos, para as empresas em geral, mas em Portugal sobretudo para as PME.

Pelo que, “esta é uma grande oportunidade para o financiamento especializado, já que representa uma alternativa competitiva para as empresas de menor dimensão que, muitas vezes, enfrentam barreiras ao financiamento bancário tradicional e maiores dificuldades em obter empréstimos tradicionais, para a gestão da sua tesouraria e necessidades de investimento”.

“O financiamento especializado tem, pois, nas PME e na nova conjuntura mundial, um segmento muito importante para o seu crescimento, já que pode ser uma resposta direta às necessidades de financiamento e de tesouraria de milhares de empresas em Portugal, podendo elas próprias crescerem e adaptarem-se aos novos desafios da economia e do mundo em geral, alavancadas nas soluções que os três produtos do financiamento especializado lhes apresentam”, refere a consultora.

Por áreas, no Leasing, nos últimos anos, tem-se assistido a uma tendência de ligeira recuperação nos volumes de produção de Leasing em Portugal.

Destaca-se o ano de 2023 com uma produção de 2,6 mil milhões de euros e taxa de crescimento do negócio de Leasing a rondar os 9%, correspondendo à combinação de um crescimento de 21% no Leasing mobiliário e um decréscimo de 15% no Leasing imobiliário.

O setor de Leasing está posicionado para continuar a sua recuperação para valores pré-pandemia, impulsionado por várias alavancas de crescimento. No entanto, é também importante ter em conta possíveis desafios que podem afetar o setor. Os desafios apontados são o aparecimento de produtos mais flexíveis, o risco de quebra de vendas em viaturas novas e a retenção do conhecimento e talento especializado no setor, enquadramento legal, fiscal e regulamentar.

Mas também o enquadramento legal, fiscal e regulamentar.

Já o mercado de Renting automóvel em Portugal tem registado um “crescimento assinalável”, refletindo uma cada vez maior notoriedade e penetração do setor junto do segmento empresarial, mas também dos clientes particulares.

Em 2023, o Renting foi responsável por adquirir 36 mil viaturas ligeiras novas, no valor de mais de mil milhões de euros, e geria uma frota total de 136 mil viaturas em circulação nas estradas nacionais.

Os desafios do Renting são a incerteza sobre valor residual de viaturas elétricas; a limitações à micro-mobilidade em meios urbanos; o risco de quebra de vendas em viaturas novas; e a crise das cadeias de abastecimento.

A Deloitte recomenda que prossiga o foco na eletrificação das frotas; e o reforço da penetração nos particulares e aposta nos usados, entre outras coisas.

Destaque ainda para a conclusão que diz que à medida que a indústria automóvel se prepara para a adoção generalizada de carros autónomos, as empresas de Renting enfrentam a necessidade de repensar os seus modelos de negócio a médio e longo prazo. A mobilidade como serviço (MaaS) poderá tornar-se uma tendência dominante, onde os clientes pagam pelo uso do veículo em vez de possuí-lo.

Por fim o Factoring e o Confirming são ferramentas que proporcionam liquidez imediata às empresas ao externalizar os serviços de gestão de cobrança. Na lista de desafios está a retenção de talento; a nova regulação; e o risco de fraude. A Deloitte recomenda, entre outras coisas, a aposta na inovação tecnológica

No evento organizado pela a associação liderada por Luís Augusto, foi feita a apresentação do estudo por Bernardo Ferrão, Partner da Deloitte e Inês Santos Costa, Associate Partner da Deloitte.

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