A entrada de exchange traded funds (ETF) em Portugal tem aumentado a competitividade do mercado acionista nacional, segundo concluiu um estudo assinado pelos investigadores Carlos Manuel Pinheiro e Hugo Hilário Varela. A análise indica que os ETF têm conseguido retornos acima do índice PSI 20, mas também que sofrem choques maiores em alturas de desvalorizações.
“Nos últimos 20 anos, desde a sua criação na década de 1990, os ETFs têm atraído o apetite dos investidores por produtos financeiros negociáveis altamente rentáveis e menos dispendiosos que combinam as características de ações e fundos mutualistas. Os fundos mutualistas são comummente retratados como um ‘comboio’, composto por muitas locomotivas (investidores), que constituem a força dinâmica do ‘comboio'”, referem os economistas.
Os ETF são um fenómeno relativamente recente, tendo começado em 1993, com o lançamento do SPDR (Standard & Poor’s Depository Receipt). A Portugal, o produto de investimento que segue o desempenho de índices acionistas, chegou em setembro de 2010 com o primeiro ETF que segue o PSI 20 lançado pela NYSE Euronext em colaboração com o Commerzbank.
“O ETF PPP, que acompanha o desempenho do índice PSI 20, permitiu o acesso a uma nova classe de ativos de classe no mercado de ações português, que combinou a simplicidade de um mecanismo diário de negociação de ações e as virtudes de fundos de investimento altamente diversificados”, aponta o estudo.
Entre as razões para o sucesso comercial destes ativos está o facto de os investidores poderem negociar ao longo do dia, ao contrário dos fundos mais tradicionais que só podem ser negociados no final do dia. Outra característica importante é a possibilidade de resgate. Os ETF prometem retornos mais elevados a um custo menor e, ao contrário dos fundos fechados, os ETF podem ser vendidos como ações ordinárias num mercado de bolsa de valores.
“Os resultados e a significância estatística dos parâmetros não sugerem nenhuma indicação clara da teoria prevalecente de que o ETF PPP pode obter retornos anormalmente substanciais ou retornos superiores ao retorno ajustado ao risco para o mercado português”, concluiu o estudo.
Os resultados da estimativa apontam para um Alpha positivo, sugerindo a capacidade dos ETF em gerar retornos mais elevados em comparação com o retorno exigido pelo mercado, dado o nível de risco. No entanto, os ETF também incorporam as mudanças ocorridas no mercado e, portanto, os momentos menos favoráveis podem ter um impacto ainda maior nos ETF do que em ações ordinárias ou fundos, de acordo com o estudo.
“Mais importante, a nossa análise sugere que os ETF podem aumentar a competitividade do mercado de ações português, estimulando e promovendo a disseminação de instrumentos financeiros altamente diversificados no mercado português. Os ETF contribuem para uma liquidez adicional e um leque mais alargado de soluções de investimento para investidores no mercado português que procuram produtos financeiros que combinem desempenho, estrutura de menor custo, facilidade de negociação e baixa exposição a risco idiossincrático”, acrescentou.
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