EUA: Atividade em máximos de mais de dois anos apesar de contração na indústria

A atividade nos EUA continua a dar sinais de força, com o índice de gestores de compras (PMI) composto de dezembro a fixar novos máximos de mais de dois anos à boleia do sector dos serviços. Do lado da indústria, a situação não é tão animadora, com produção em queda e custos em alta.

O PMI de dezembro para a maior economia do mundo subiu até 56,6, um máximo de 33 meses, depois da leitura de 54,9 pontos em novembro. Os dados divulgados pela S&P Global, nesta segunda-feira, mostram uma dinâmica em crescimento do lado dos serviços, cujo subíndice chegou a 58,5 pontos, depois dos 56,1 de novembro – um máximo de 38 meses.

Ainda assim, “o crescimento continua marcadamente inclinado para o lado dos serviços, onde uma aceleração contrastou com uma queda abrupta na indústria”, lê-se na nota da instituição financeira. De facto, o PMI industrial tocou mínimos de três meses com uma leitura de 48,3, permanecendo assim em terreno de contração da atividade, mas é o output que mais preocupa: o subíndice caiu de 47,9 para 46 pontos, a leitura mais baixa em 55 meses – ou seja, desde o segundo trimestre de 2020.

Excluindo o período pandémico, este é um mínimo de 2009, com o sector industrial pressionado por uma procura em queda e uma tendência decrescente nas novas encomendas que se vai registando há vários meses.

Esta pressão descendente do lado da procura dever-se-á agravar nos próximos meses com a chegada de Trump à Casa Branca para um segundo mandato, projetam os gestores consultados pelo inquérito de mercado, dadas as tarifas prometidas pelo regressado presidente. A confirmar-se este cenário, tal também terá reflexos do lado dos preços, onde já se esperam novas subidas.

A possibilidade de nova onda de inflação é agravada pelo facto de se verificar já uma trajetória ascendente nos custos intermédios da indústria, um fenómeno com um impacto contido no indicador de preços pela tendência oposta do lado dos serviços.