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EUA avisam FMI e Banco Mundial de que se estão a desviar da sua missão

“Estamos abertos a críticas, mas não vamos tolerar que o FMI não critique os países que mais precisam, principalmente os países excedentários”, disse o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, num fórum do Instituto de Finanças Internacionais, à margem das reuniões da primavera do FMI e do BM, em Washington.
4 – Estados Unidos
23 Abril 2025, 18h33

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, avisou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM) de que se estão a desviar de sua missão original e que a ajuda americana não será incondicional.

“A administração [do Presidente dos EUA, Donald] Trump está disposta a trabalhar com eles [FMI e BM], desde que se mantenham fiéis às suas missões”, disse, considerando que “estão a ficar aquém”.

Segundo o responsável, citado pela Efe, as instituições “têm de se afastar das suas agendas dispersas e desfocadas, que têm impedido a sua capacidade de cumprir os seus mandatos fundamentais”.

Em relação ao FMI, defendeu, a organização “gasta uma quantidade desproporcionada de tempo e recursos em questões sociais, de alterações climáticas e de género”.

Para Bessent, “estas questões não fazem parte da missão do FMI” e o facto de a organização se centrar nestas áreas está a afetar “o seu trabalho em questões macroeconómicas cruciais”.

“Estamos abertos a críticas, mas não vamos tolerar que o FMI não critique os países que mais precisam, principalmente os países excedentários”, disse Bessent num fórum do Instituto de Finanças Internacionais, à margem das reuniões da primavera do FMI e do BM, em Washington.

Bessent afirmou que, com base no seu mandato, “o FMI tem de se pronunciar contra países como a China, que há décadas seguem políticas globalmente distorcidas e práticas monetárias opacas”, e também contra “práticas de empréstimo insustentáveis por parte de certos países credores”.

O secretário do Tesouro sublinhou que a organização macroeconómica “deve reorientar os seus empréstimos para a resolução dos problemas da balança de pagamentos” e afirmou que “os seus empréstimos devem ser temporários quando feitos de forma responsável”.

Na sua opinião, a Argentina é um bom exemplo de um país “que merece” o apoio do FMI porque “está a fazer progressos reais no cumprimento dos objetivos financeiros, mas nem todos os países o fazem”.

Quanto ao Banco Mundial, recordou que nasceu para “ajudar os países em desenvolvimento a desenvolverem as suas economias, reduzir a pobreza, aumentar o investimento privado, apoiar a criação de emprego no setor privado e reduzir a dependência da ajuda externa”.

“O Banco não deve continuar à espera de cheques em branco para um ‘marketing’ insípido e centrado em palavras-chave, acompanhado de compromissos de reforma pouco convictos. Deve utilizar os seus recursos da forma mais eficiente possível”, defendeu, numa altura em que o seu Governo está a proceder a uma revisão das organizações a que pertence e que apoia.

As observações de Bessent foram feitas um dia depois de o presidente do BM, Ajay Banga, ter reiterado a intenção de que o Conselho de Administração do Banco levante o seu veto ao financiamento de projetos de energia nuclear em junho.

Bessent aplaudiu esse objetivo e afirmou que o Banco deveria ser neutro em termos de tecnologia e dar prioridade à acessibilidade e ao investimento em energia.

“Na maioria dos casos, isto significa investir na produção de energia com base no gás e noutros combustíveis fósseis”, afirmou.

O secretário do Tesouro considerou “absurdo” o facto de a organização ver a China como um país em desenvolvimento e apelou para que os parceiros comerciais de Washington trabalhem em conjunto para reequilibrar o sistema financeiro, o FMI e o BM para as suas cartas fundadoras: “EUA primeiro não significa EUA sozinho”, concluiu.

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