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EUA: Biden ainda acredita em si próprio, mas democratas começam a ter fortes dúvidas

A Casa Branca não coloca a hipótese de Joe Biden desistir das eleições. Mas alguns democratas fazem isso por ele. A vice-presidente Kamala Harris parece emergir como uma alternativa possível.
3 Julho 2024, 17h44

O presidente Joe Biden disse a um aliado importante – anonimamente citado por alguns jornais norte-americanos – que sabe que pode não ser capaz de salvar a sua candidatura se não conseguir convencer os eleitores, nos próximos dias, de que está pronto para o cargo, após um desempenho desastroso no debate com o ‘insurgente’ Donald Trump na semana passada.

O presidente, que aquela fonte enfatizou ainda estar profundamente na luta pela reeleição, entende que as suas próximas aparições antes do fim-de-semana de feriado – incluindo uma entrevista marcada para sexta-feira com George Stephanopoulos, da ABC News e comícios de campanha na Pensilvânia e Wisconsin – tem de correr bem.

“Ele sabe que se tiver dois maus eventos, estaremos num lugar diferente” até o final do fim-de-semana, disse, referindo-se ao desempenho hesitante e desfocado de Biden no debate.

Andrew Bates, porta-voz da Casa Branca, disse que a história é “absolutamente falsa”. Ou seja, segundo a Casa Branca, não se coloca a hipótese de Biden vir a desistir ou de estar a começar a ficar convencido de que as suas capacidades estão drasticamente diminuídas. Seja como for, a notícia é a primeira indicação pública de que o presidente está a considerar seriamente se poderá recuperar após um desempenho devastador no palco do debate em Atlanta na quinta-feira passada. As preocupações sobre a sua viabilidade como candidato existem, nomeadamente no que tem a ver com a possibilidade de servir como presidente por mais quatro anos.

O certo é que, entre os democratas, as preocupações aumentam de volume. Segundo a cadeia CNBC, os aliados da vice-presidente Kamala Harris já discutem cenários, caso o presidente Joe Biden desista da campanha de 2024. As conversas concentraram-se em saber se Harris seria capaz de controlar a ‘entourage’ de Biden se se desse o caso de ter de ser colocada ao serviço da vice-presidente. De qualquer modo, parece certo que o tema está em cima da mesa, com Kamala Harris e seus aliados a discutirem de forma reservada como seria a sua candidatura se Biden desistisse.

Segundo a CNBC, as conversas foram realizadas via telefonemas e mensagens de texto entre algumas pessoas que arrecadaram dinheiro para a vice-presidente, durante a sua fracassada primária democrática em 2020 contra Biden e outros candidatos. Harris é dada como uma das favoritas para substituir o presidente no topo da hierarquia, mas isso não garante que a Convenção Nacional Democrata que se realizará em Chicago não contará com mais candidatos e uma batalha potencialmente confusa pela nomeação.

Também há discussão entre os apoiantes de Harris, sobre a necessidade de começar a agendar reuniões entre a vice-presidente e alguns dos maiores doadores do Partido Democrata, se Biden desistir. Os aliados de Harris têm pressionado outros doadores e funcionários do partido a considerar as potenciais vantagens de um avanço de Kamala Harris.

Qualquer discussão sobre o que Harris poderia precisar para vencer uma disputa pela nomeação na convenção de Chicago era impensável para os democratas até ao debate de quinta-feira. Para a CNCB, o muito fraco desempenho de Biden mudou o clima entre os doadores, com muitos deles a discutirem a necessidade de o presidente se afastar para dar ao partido a melhor hipótese de derrotar Trump em novembro.

Uma sondagem da CNN mostra que Trump está à frente de Biden com seis pontos percentuais, uma posição idêntica aos resultados de abril passado. Mas 75% dos entrevistados dizem que outra pessoa que não Biden teria mais hipóteses de derrotar Trump.

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