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EUA: Criação de emprego em agosto chega a 142 mil postos, abaixo da projeção do mercado

Os analistas e investidores antecipavam uma leitura na casa dos 164 mil postos de trabalho criados, valor que acabou por não ser atingido, mas com a taxa de desemprego a cair, o que limita as preocupações quanto a uma possível recessão. Os dados de julho foram ainda alvo de uma revisão em baixa para 89 mil.
6 Setembro 2024, 13h48

A economia norte-americana criou cerca de 140 mil postos de trabalho em agosto, abaixo dos 160 mil esperados, um novo sinal do arrefecimento do mercado laboral na maior economia do mundo, embora numa leitura sólida e que não reaviva os medos de recessão que assolaram os mercados após os dados de julho.

O Departamento do Trabalho dos EUA reportou esta sexta-feira uma taxa de desemprego de 4,2% em agosto, o que constitui uma descida de 0,1 pontos percentuais (p.p.) em relação ao mês anterior e uma leitura em linha com o esperado pelos mercados. Já na criação de emprego, a projeção de 164 mil postos criados acabou por não ser atingida, com agosto a trazer apenas 142 mil novos empregos.

Ainda assim, este valor supera os 89 mil postos criados em julho, um número alvo de uma considerável revisão em baixa em relação aos 114 mil inicialmente apontados. Recorde-se que esta leitura inicial, divulgada no início de agosto, foi um dos motivos para o sell-off que afetou as bolsas norte-americanas, que viveram dias de elevada volatilidade.

Ainda mais significativa foi a revisão em baixa para junho, cuja leitura foi cortada em 61 mil postos de trabalho.

Os números do emprego não chegaram ao nível previsto pelo mercado, mas a descida do desemprego dá algum otimismo aos decisores de política monetária quanto à capacidade da economia evitar a recessão. Ainda assim, os analistas do banco neerlandês ING consideram que as dúvidas quanto à magnitude do corte de juros esperado para setembro se mantêm.

“Temos 50 pontos base (p.b.) na nossa previsão, mas é uma convicção baixa baseada no recuo dos medos quanto à inflação e no desejo da Fed de se antecipar à fraqueza no mercado laboral, que acreditamos que será cada vez mais aparente nos próximos meses”, lê-se numa nota de research do banco.

Comparando com a média dos últimos doze meses, cifrada em 202 mil postos de trabalho, a leitura de agosto fica consideravelmente abaixo, isto apesar de até constituir um máximo de três meses e o segundo valor mais alto desde abril.

Dadas as revisões assinaláveis das leituras dos últimos dois meses, o ING questiona também quão fiáveis serão estes números, visto que, juntando os cortes anunciados esta sexta-feira e no mês passado, os dados de junho, por exemplo, já recuaram de 206 mil para 118 mil.

Outro sinal negativo prende-se com a taxa de subutilização do trabalho, que mede a percentagem da população ativa empregada em esquemas de horário reduzido, como trabalhos em part-time, apesar da disponibilidade e vontade para trabalhar mais horas. Este indicador continuou a trajetória de subida, acrescentando mais 0,1 pontos percentuais (p.p.) até aos 7,9%, encontrando-se quase 1,0 p.p. acima da leitura de setembro deste ano, quando registava 7%.

“Todas as recessões começam desta forma, infelizmente. A forma mais fácil de reduzir custos é não substituir trabalhadores, mas, se toda a gente fizer isso, a economia abranda e as empresas terão de começar a fazer cortes mais para a frente”, alerta o ING.

[notícia atualizada às 16h25]

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