[weglot_switcher]

EUA: Fortes números do emprego em fevereiro deixam antever aceleração da recuperação laboral nos próximos meses

O crescimento do emprego norte-americano, bem acima das expectativas do mercado, e as projeções para as contas nacionais trimestrais da economia mais afetada pela Covid-19 deixam adivinhar uma recuperação mais rápida e vigorosa a partir de agora, dada a evolução da pandemia no território.
5 Março 2021, 17h34

Com mais 379 mil empregos criados em fevereiro e atualizações às observações de dezembro e janeiro que mostram mais 38 mil postos de trabalho adicionados à economia norte-americana do que inicialmente reportado neste período, a recuperação do mercado laboral na economia mais afetada pela Covid-19 no mundo parece finalmente ganhar ímpeto, como argumentam os analistas do Commerzbank e do ING.

“O forte relatório de criação de emprego de fevereiro é apenas o início”, afiança James Knightley, economista chefe internacional do banco ING, que prevê uma aceleração da recuperação económica a partir de agora.

“Os efeitos positivos atuais do fim da ordem de confinamento na Califórnia, a reabertura e expansão da restauração em várias cidades e o provável retomar da contratação depois das tempestades de inverno (em particular na construção) deverão impulsionar os números de março”, afirma, um processo que se irá replicando ao longo do país à medida que se desenrola a vacinação.

“Um fator decisivo foi que mais negócios puderam reabrir nos sectores da hospitalidade e lazer, um dos mais castigados pela pandemia, criando mais 335 mil postos de trabalho”, argumenta Christoph Balz, economista sénior do Commerzbank.

“No entanto, o pleno emprego pré-pandémico está ainda longe de ser atingido, apesar da taxa de desemprego ter caído para um mínimo desde o rebentar da crise de 6,2%”, recorda Balz. Na realidade, a taxa de participação nos EUA “caiu substancialmente no início da crise e, apesar da pequena recuperação no último verão, […] 4 milhões de pessoas saíram das estatísticas”.

“Se a taxa de participação fosse igual à de antes da pandemia, a taxa de desemprego seria 9,4%”, relembra.

Adicionalmente, os 5,3% apontados como crescimento dos salários em termos anuais também devem ser analisados com precaução, dadas as alterações à composição do mercado de trabalho norte-americano, como explica James Knightley.

“Dado que a maioria dos empregos perdidos durante a pandemia eram de baixos salários no sector dos serviços de consumo, como no retalho ou restauração, o facto de estes já não existirem aumenta o salário horário médio das pessoas que ainda estão a trabalhar. Poderá demorar meses até que tenhamos números reais do crescimento salarial”, esclarece o economista do banco holandês.

Ainda assim, os números dão esperança numa recuperação forte nos próximos meses, especialmente quando examinando também as projeções para o crescimento do PIB.

“Antecipamos que a economia cresça 6,5% este ano, pelo que terá de haver progressos substanciais ao nível laboral com pelo menos mais 4,5 milhões de postos de trabalho criados em 2021”, conclui Knightley.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.