A inflação de fevereiro nos EUA medida pelo índice de gastos pessoais de consumo (PCE), a medida preferencial da Reserva Federal para aferir a dinâmica nos preços, acelerou nos componentes nucleares, dando mais dores de cabeça ao banco central enquanto a maior economia do mundo se debate com a incerteza criada pela política económica e comercial da administração Trump.
O PCE de fevereiro ficou em linha com as leituras anteriores em termos nominais, com 2,5% numa análise homóloga e 0,3% em cadeia, mas o indicador subjacente voltou a subir. O PCE core chegou a 0,4% em comparação com o mês anterior, um novo máximo desde janeiro do ano passado, e a 2,8% numa perspetiva homóloga, contrariando as expectativas do mercado de uma leitura em linha com os 2,7% de janeiro.
A pressão foi mais evidente do lado dos serviços, que aceleraram para 0,4% em cadeia depois de terem ficado em 0,2% no mês anterior, enquanto os bens abrandaram de 0,5% para 0,2%.
Apesar de as leituras dos indicadores subjacentes ficarem acima das expectativas de mercado, o presidente da Fed havia já sinalizado após a mais recente reunião de política monetária que o banco central apontava a 2,8% em termos homólogos para fevereiro.
Talvez mais preocupante para a Fed será a evolução do consumo privado, que ficou abaixo das expectativas. O indicador avançou apenas 0,1% em cadeia em fevereiro, isto depois de ter caído 0,6% em janeiro (uma variação revista em baixa em relação à estimativa inicial, que apontava para uma redução de 0,5%).
Com a inflação ainda a preocupar a Fed, as descidas de juros deverão demorar mais do que inicialmente previsto – isto se se materializarem de todo. Como tal, o crescimento deverá sofrer, aumentando os riscos de estagflação na maior economia do mundo, sobretudo à medida que os agentes se adaptarem à errática e imprevisível política económica e comercial vinda de Washington.
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