“Não representa uma ameaça, representa uma realidade prática que precisamos de nos proteger”, defendeu Robert Strayer.
Minutos antes, num briefing com jornalistas durante uma visita a Lisboa, o responsável explicara de forma clara a posição que os Estados Unidos deverão tomar no caso de Portugal optar por usar a tecnologia chinesa, nomeadamente da Huawei, na nova rede de telecomunicações, o 5G.
“Obviamente que não ficamos satisfeitos quando vemos a Huawei a ser implementada, em qualquer rede que seja”, explicou o vice-secretário Adjunto do Departamento de Estado para a Comunicação Cibernética e Internacional e para a Política de Tecnologia de Informação dos Estados Unidos.
“Estamos preocupados sobre como isso poderia impactar a cooperação próxima que temos com Portugal, tanto a nível económico como de segurança”, disse, recordando que os dois países, no âmbito da NATO e do policiamento, têm iniciativas em conjunto.
Segundo Strayer, se os Estados Unidos entenderem que os seus dados foram comprometidos “teríamos de reduzir as formas como interagimos na partilha de informação, e reavaliar como o equipamento da Huawei irá impactar as redes”.
Numa altura em que o 5G divide os Estados Unidos e a China, apanhando a Europa no meio, a visita de Strayer tem principalmente o objetivo de alertar várias entidades para os riscos que a utilização do equipamento da Huawei na nova rede acarreta. O responsável já reuniu com o presidente da ANACOM, com deputados, com representantes das principais operadoras e de fornecedores de equipamento, estando ainda marcadas reuniões com membros do Governo.
Esses riscos são principalmente de segurança, pois os EUA dizem que a Huawei é apenas um braço do Governo chinês e do Partido Comunista Chinês, utlizado para recolher dados para usar tanto na frente militar como na económica.
Para Robert Strayer, os países europeus devem comprar equipamento de fornecedores como a Samsung, a Nokia ou a Ericsson, pois este originam de países onde as empresas são independentes e juridicamente protegidas.
“Não há outra forma de mitigar o risco senão usar esses fornecedores”, sublinhou.
Proteger a informação
Nesse contexto, Roberto Strayer foi o terceiro membro da administração Trump a passar por Lisboa e falar com os jornalistas depois de, em março do ano passado, o primeiro-ministro António Costa ter dito no Parlamento que não via nenhuma razão para excluir a Huawei do mercado.
Questionado sob o resultado das reuniões em Lisboa, Strayer explicou que já há sinais que os decisores percebem os receios que os Estados Unidos têm sobre a segurança.
Ainda assim, a posição do Governo de Trump é clara. “Temos de proteger a informação confidencial que temos, alguma dela é classified, outra simplesmente sensível”.
No caso de Portugal não excluir a Huawei do 5G, isso forçaria os EUA a “alterar a forma como fazemos negócio, estatal e privado, e eu não sei o que isso vai querer dizer”, explicou Strayer.
“Não queremos ver qualquer diminuição do nível de cooperação que temos nas áreas de economia e e segurança”, afirmou o responsável, adiantando no entanto que “a escolha do equipamento Huawei no 5G poderá afectar a nossa capacidade de fazer esforços cooperativos”, sublinhou.
Robert Strayer reiterou no fim do briefing que a posição dos Estados Unidos não constitui uma ameaça, mas uma realidade de adaptação a uma decisão.
“Reconhecemos que uma decisão soberana irá ser tomada por Portugal nesta área”, concluiu.
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