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EUA podem cortar partilha de informação caso Portugal opte pela Huawei no 5G

O vice-secretário Adjunto do Departamento de Estado para a Comunicação Cibernética e Internacional e para a Política de Tecnologia de Informação dos Estados Unidos esteve em Lisboa e alertou sobre os riscos de usar tecnologia Huawei no 5G. “A única forma de mitigar é escolher a Samsung, Nokia ou Ericsson”.
19 Fevereiro 2020, 08h15

“Não representa uma ameaça, representa uma realidade prática que precisamos de nos proteger”, defendeu Robert Strayer.

Minutos antes, num briefing com jornalistas durante uma visita a Lisboa, o responsável explicara de forma clara a posição que os Estados Unidos deverão tomar no caso de Portugal optar por usar a tecnologia chinesa, nomeadamente da Huawei, na nova rede de telecomunicações, o 5G.

“Obviamente que não ficamos satisfeitos quando vemos a Huawei a ser implementada, em qualquer rede que seja”, explicou o vice-secretário Adjunto do Departamento de Estado para a Comunicação Cibernética e Internacional e para a Política de Tecnologia de Informação dos Estados Unidos.

“Estamos preocupados sobre como isso poderia impactar a cooperação próxima que temos com Portugal, tanto a nível económico como de segurança”, disse, recordando que os dois países, no âmbito da NATO e do policiamento, têm iniciativas em conjunto.

Segundo Strayer, se os Estados Unidos entenderem que os seus dados foram comprometidos “teríamos de reduzir as formas como interagimos na partilha de informação, e reavaliar como o equipamento da Huawei irá impactar as redes”.

Numa altura em que o 5G divide os Estados Unidos e a China, apanhando a Europa no meio, a visita de Strayer tem principalmente o objetivo de alertar várias entidades para os riscos que a utilização do equipamento da Huawei na nova rede acarreta. O responsável já reuniu com o presidente da ANACOM, com deputados, com representantes das principais operadoras e de fornecedores de equipamento, estando ainda marcadas reuniões com membros do Governo.

Esses riscos são principalmente de segurança, pois os EUA dizem que a Huawei é apenas um braço do Governo chinês e do Partido Comunista Chinês, utlizado para recolher dados para usar tanto na frente militar como na económica.

Para Robert Strayer, os países europeus devem comprar equipamento de fornecedores como a Samsung, a Nokia ou a Ericsson, pois este originam de países onde as empresas são independentes e juridicamente protegidas.

“Não há outra forma de mitigar o risco senão usar esses fornecedores”, sublinhou.

Proteger a informação

Nesse contexto, Roberto Strayer foi o terceiro membro da administração Trump a passar por Lisboa e falar com os jornalistas depois de, em março do ano passado, o primeiro-ministro António Costa ter dito no Parlamento que não via nenhuma razão para excluir a Huawei do mercado.

Questionado sob o resultado das reuniões em Lisboa, Strayer explicou que já há sinais que os decisores percebem os receios que os Estados Unidos têm sobre a segurança.

Ainda assim, a posição do Governo de Trump é clara. “Temos de proteger a informação confidencial que temos, alguma dela é classified, outra simplesmente sensível”.

No caso de Portugal não excluir a Huawei do 5G, isso forçaria os EUA a “alterar a forma como fazemos negócio, estatal e privado, e eu não sei o que isso vai querer dizer”, explicou Strayer.

“Não queremos ver qualquer diminuição do nível de cooperação que temos nas áreas de economia e e segurança”, afirmou o responsável, adiantando no entanto que “a escolha do equipamento Huawei no 5G poderá afectar a nossa capacidade de fazer esforços cooperativos”, sublinhou.

Robert Strayer reiterou no fim do briefing que a posição dos Estados Unidos não constitui uma ameaça, mas uma realidade de adaptação a uma decisão.

“Reconhecemos que uma decisão soberana irá ser tomada por Portugal nesta área”, concluiu.

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