O presidente da Reserva Federal reforçou o compromisso com a recuperação da estabilidade de preços nos EUA, admitindo a possibilidade de mais uma subida este ano, em linha com as projeções dos membros do banco central. Sem se comprometer com nenhuma trajetória específica para os juros, Jerome Powell reconheceu que a força da economia americana pode levar a novas subidas, mas quer continuar a ver os dados macro.
Na conferência de imprensa após nova decisão de manter os juros de referência inalterados entre 5,25% e 5,5%, o valor mais elevado desde 2001, Powell procurou reforçar dois elementos-chave da política da Fed, a dependência dos dados e o compromisso com o seu mandato. O caminho percorrido já foi longo e positivo, mas o Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC, em inglês), quer “ver mais”.
“Vamos recuperar a estabilidade de preços, temos de o fazer”, reafirmou o presidente do banco central, abordando as previsões do FOMC para os juros no final deste ano e no próximo. A mediana das projeções atualizadas conhecidas esta quinta-feira aponta para 5,6% no final de 2023, ou seja, implicando nova subida.
Powell relembrou que “as projeções não são um plano”, pelo que “não significam que tenhamos decidido se chegámos à postura que procuramos”. Pelo contrário, sendo uma reunião de atualização de previsões macro, os membros do FOMC “escreveram o que previam” para a economia.
“Não estivemos propriamente a discutir sobre isso”, resumiu, falando em “apoio unânime” à decisão de setembro de manter os juros inalterados.
Ainda assim, Powell admite que “uma atividade económica mais forte significa que temos de fazer mais do lado das taxas”, descartando que a inflação se tenha revelado mais persistente nas leituras mais recentes do que projetado pelo banco central. Ao mesmo tempo, a expectativa de mais uma subida por parte dos membros do FOMC “reflete a atividade mais forte do que o esperado”, justificou.
A reunião desta quinta-feira realizou-se sobre o pano de fundo de uma greve na indústria automóvel, uma paralisação cada vez mais provável do Governo federal e um reacender da discussão em torno da dívida estudantil, um peso considerável nos rendimentos dos americanos mais jovens. Powell reconhece que estes são riscos negativos ao crescimento este ano, mas recusa-se a comentar aspetos políticos.
“Não comentamos a greve, de forma alguma. Mas temos de avaliar os seus efeitos. Pode afetar o produto, trazer mais inflação, mas dependerá muito de quão abrangente e duradoura for. Temos de trabalhar com esta incerteza”, disse. A possibilidade de uma ‘aterragem suave’, como tem vindo a almejar, continua sem ser o cenário base, mas o presidente da Fed reconhece que “é possível”.
[notícia atualizada às 20h10]
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