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EUA: Relatório do emprego de julho pode sinalizar início de mudança da política pela Fed

Os números de julho referentes à criação de emprego nos EUA serão seguidos com atenção pelos mercados e pela Reserva Federal, que quer ver mais evolução neste capítulo antes de retirar o apoio à retoma, como reafirmou já várias vezes o presidente deste organismo.
5 Agosto 2021, 19h15

Esta sexta-feira traz um novo relatório do emprego nos EUA, o referente a julho, e o indicador reunirá a atenção dos mercados e analistas, dado o foco colocado pela Reserva Federal no mercado laboral e os dados mistos que têm vindo a ser divulgados, que deixam algumas dúvidas quanto à evolução do trabalho do outro lado do Atlântico.

Os analistas apontam para 870 mil novos postos de trabalho em julho, segundo o levantamento da TradingEconomics, um número próximo dos 850 mil anunciados pelo Departamento do Trabalho no relatório referente a junho. Este valor seguiu-se a dois meses desapontantes no que toca à retoma laboral numa das economias mais afetadas pelas primeiras vagas de Covid-19, com abril e maio e indicarem uns meros 266 mil e 559 mil postos criados em cada um dos meses, respetivamente.

Apesar da revisão em alta destes dois valores nas divulgações seguintes, estes permaneceram aquém das expectativas e, sobretudo, dos fortes dados de março, quando o relatório inicial revelou 916 mil empregos criados. Este número seria revisto em baixa para 770 mil no relatório de abril, mas marcou o tom para os meses seguintes, quando era esperada uma retoma vigorosa do mercado laboral.

Assim, os 870 mil empregos anunciados em junho acalmaram os mercados, que começavam a duvidar da magnitude da recuperação neste indicador, depois das desilusões dos dois meses anteriores. Para julho, a expectativa é que o indicador se mantenha relativamente estável, sinalizando a manutenção desta trajetória de recuperação clara. No entanto, a incerteza é muita, tanto pelas dificuldades na contratação de pessoal qualificado, como pelos impedimentos e entupimentos na cadeia de abastecimento, como ainda pelo efeito dos benefícios acrescidos face a uma situação de desemprego.

Um espelho desta incerteza pode ser encontrado na diferença entre os sinais vindos do relatório da ADP sobre a criação de emprego no sector privado e os índices de gestores de compras (PMI) referentes ao emprego. Enquanto o primeiro desiludiu, ao revelar apenas mais 330 mil postos de trabalho no mês em análise, os índices de emprego associados aos PMI para a indústria e serviços nos EUA superam os 50,0 pontos, indicando uma expansão da atividade e da contratação na generalidade dos sectores.

Além dos mercados, quem estará certamente com a atenção redobrada nesta divulgação será a Fed, que reiterou já variadas vezes a previsão de subir as taxas de juro apenas quando o mercado de trabalho recuperar em pleno e acompanhar o comportamento da inflação. Até lá, reafirmou Jerome Powell, o presidente da autoridade monetária norte-americana, o organismo monitorizará atentamente o comportamento do mercado de trabalho.

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