O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se com líderes do Congresso numa última tentativa de evitar uma paralisação do governo que pode interromper o financiamento de uma série de serviços federais já esta quarta-feira, 1 de outubro. O encontro para a administração encontrar uma solução para um problema que já se tornou recorrente corre invariavelmente bem – apesar de os democratas terem indexado um acordo à preservação dos benefícios da área da saúde. Os republicanos de Trump insistiam que a saúde e o financiamento do governo devem ser tratados como questões separadas.
Como sucede sempre, se o acordo não fosse conseguido, milhares de funcionários do governo federal seriam afastados, da NASA aos parques nacionais. Tribunais federais poderiam ter de fechar e diversos planos de subsídios a pequenas empresas seriam adiados.
Estes Impasses orçamentais tornaram-se rotineiros em Washington nos últimos 15 anos e frequentemente são resolvidos no último minuto. Mas a disposição de Trump em anular ou ignorar as leis orçamentais aprovadas pelo Congresso injetou uma nova dimensão de incerteza no debate. Recorde-se que Trump recusou gastar milhões de dólares aprovados pelo Congresso, ao mesmo tempo que colocou em causa milhares de postos de trabalho federais depois de, imediatamente após ter sido eleito, ter encarregado o empresário Elon Musk de fazer uma ‘purga’ interna nos serviços.
Em questão estão, segundo a imprensa norte-americana, 1.700 milhões de dólares em gastos que financiam a gigantesca máquina federal. A Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, aprovou a 19 de setembro, por uma pequena margem, um projeto de lei para manter o financiamento de agências governamentais até 21 de novembro, mas a medida foi reprovada no Senado, onde teriam sido necessários pelo menos sete votos democratas para ser aprovada.
Segundo a agência Reuters, houve 14 paralisações parciais do governo desde 1981, a maioria com duração de apenas alguns dias. A mais recente foi a mais longa, com uma duração de 35 dias, devido a uma disputa sobre imigração durante o primeiro mandato de Trump. Desta vez, a questão é a saúde. Cerca de 24 milhões de norte-americanos que têm cobertura pelo Affordable Care Act veriam os seus custos aumentarem se o Congresso não prorrogar as isenções fiscais temporárias que expiram no final deste ano. O líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, disse que o Congresso precisa de tornar essas isenções fiscais permanentes de imediato. O líder republicano do Senado, John Thune, deixou a porta aberta para lidar com a questão, mas indexou o seu apoio à aprovação do financiamento.
Uma paralisação traduz-se, em termos mais básicos, numa autorização de gastos de curto prazo: há moeda para fazer face aos custos necessários, mas esta não pode ser utilizada legalmente, uma vez que o Congresso americano ainda não aprovou os projetos de lei de dotações ou resoluções contínuas para financiar as agências federais.
Com ambas as câmaras divididas e profundamente polarizadas, as ameaças de paralisação tornaram-se uma característica recorrente das batalhas orçamentais em Washington, refere um ‘research da consultora XTB sobre o assunto, que recorda o sucedido em 2018. Este episódio levou cerca de 800 mil de funcionários federais (mais de um quarto de todos os empregados públicos) a ficarem sem remuneração, gerando incerteza generalizada.
Desta vez, os perigos de paralisação de organismos públicos repetiam-se, mas com uma agravante: Donald Trump ameaçou com despedimentos permanentes em caso de paralisação. Trump cancelou as negociações com os líderes democratas do Congresso no início desta semana, afirmando que uma reunião informal não seria “produtiva” e classificando as suas exigências como “pouco sérias”.
A decisão irritou os democratas, e o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, juntou-se a Hakeem Jeffries para responsabilizarem Trump e os republicanos por uma possível paralisação.
Até agora, refere ainda a consultora, os mercados têm ignorado em grande parte a ameaça de uma paralisação, até porque os seus impactos nos mercados financeiros são reduzidos. A principal preocupação prende-se com a suspensão da divulgação de dados económicos do governo. Neste caso, a partir desta quarta-feira, nenhum dado novo seria publicado, incluindo o relatório da taxa de desemprego ou os dados sobre o emprego não agrícola de setembro.
De facto, recorda a XTB, desde 1975, para paralisações com duração superior a três dias, o S&P 500 registou um ganho médio de 1,7% nos 50 dias após a paralisação, com pouca volatilidade nesse período. Para todas as paralisações, independentemente da duração, o ganho médio foi de 2,2%.
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