O potencial do idioma português em África foi destacado por Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros, esta sexta-feira na conferência EurAfrican Forum 2025. O governante fez questão de falar em português para recordar que este também é um idioma africano e que, em 2100, mais de 10% da população africana falará português: 400 milhões de africanos.
O governante, que também é vice-presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa, abriu a conferência EurAfrican Forum 2025, que decorre esta sexta-feira na Nova SBE em Carcavelos, e que conta com o JE e com a Forbes África Lusófona como media partners.
O EurAfrican Forum, organizado pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, é uma plataforma orientada para a ação que procura reforçar a colaboração entre a Europa e a África, melhorando o crescimento verde e inclusivo, revelando oportunidades inovadoras de negócio e de investimento de impacto social, bem como gerando mais sinergias entre ambos os modelos de inovação.
Constituído por pioneiros, líderes de opinião, sonhadores e inovadores que estão a moldar a África de hoje, o fórum reúne a “Rede da Comunidade Euro-Africana”. Em 2025, celebramos a oitava edição do evento, sob o tema “Transformar o Amanhã: Estreitar Parcerias Globais para Cumprir a Agenda 2063”.
De seguida, o governante deu grande ênfase ao aspeto demográfico: “Por volta de 2100, África terá tantos habitantes como a China e a Índia: quatro mil milhões de pessoas. Desta forma, terá um peso decisivo no equilíbrio mundial e toda a aposta que fizermos agora terá consequências decisivas no futuro”.
“Não há futuro sem África”
Paulo Rangel deixou três tópicos que serão decisivos para o desenvolvimento das relações entre África e Europa: a necessidade de acabar com as guerras e crises humanitárias no continente africano, o investimento em pequenos países deste continente e a necessidade de uma relação mais estreita entre este bloco
Para este governante, “não há desenvolvimento sem paz e sem afastar guerras e crises humanitárias”. E avançou com o exemplo do Sudão: “No Sudão temos uma catástrofe enormíssima e ninguém fala disso, apesar de ter uma dimensão maior do que em Gaza, apesar da enorme gravidade que lá está a acontecer. Paz e justiça são valores essenciais e isso será essencial para o continente africano”.
“Para haver paz, tem que haver desenvolvimento. É fundamental. Paz e desenvolvimento têm que vir em simultâneo, tem que haver interação entre os dois. Todos os países africanos e sobretudo os mais capazes devem contribuir para a paz no seu continente porque as grandes potências têm grande responsabilidade”, destacou.
Paulo Rangel criticou ainda as grandes potências mundiais por quererem apenas estabelecer relacionamentos com os grandes países africanos “quando é tão importante que se relacionem com os pequenos países”, como é o caso de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe.
E justificou esta teoria: “Nestes, um investimento de 10 milhões de dólares tem uma repercussão brutal e pode elevar os patamares de desenvolvimento para níveis inacreditáveis. É muito importante investir para neste grupo de duas dezenas de países porque vão ser catalisadores do desenvolvimento dos países que estão à volta. Implica um esforço pequeno para grandes investidores e pode ter grande repercussão”, destacou.
Por fim, o governante deixou uma convicção: “Não há futuro para a humanidade sem África”. Rangel destacou que “o continente africano é pobre mas tem um potencial inigualável, também por ser um continente muito jovem” e que “Europa e África são dois continentes em perda e estão na mesma posição geopolítica, ambos são a continuação um do outro”.
“Se queremos criar uma alternativa ao predomínio americano e asiático, não há resposta da Europa nem uma solução africana. Mas há uma solução euro africana. Se formos capazes de compreender que estamos sozinhos num barco comum, há aqui uma receita para o sucesso, de uma aliança de prosperidade. Por isso, é importante que as duas lideranças estejam de acordo e colocando para trás velhos traumas”, finalizou.
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