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Eurodeputados defendem ações concretas contra desflorestação da Amazónia

Eurodeputados portugueses do BE, PAN, PS, PSD, PCP e CDS-PP defenderam hoje que a União Europeia (UE) deve adotar “ações concretas” para instar as autoridades brasileiras a combater a desflorestação da Amazónia, recentemente devastada por grandes incêndios.
17 Setembro 2019, 21h45

Os incêndios florestais da Amazónia estiveram em debate na sessão plenária do Parlamento Europeu, que decorre até quinta-feira na cidade francesa de Estrasburgo.

A eurodeputada Marisa Matias, do Bloco de Esquerda (BE), à margem da sessão, disse à Lusa que a questão da Amazónia “ultrapassa muito o Brasil”, já que “se está a falar de uma das maiores fábricas de produção de oxigénio do mundo”.

“A UE pode dizer o que entender, mas se não tiver ações concretas, nomeadamente no que toca ao acordo que se está a negociar com os países da Mercosul [organização do Mercado Comum do Sul] no sentido de não importar carne, não importar soja ou madeira da Amazónia, continuará a alimentar o agronegócio”, frisou.

A eleita do BE vincou: “De lágrimas de crocodilo estamos um bocadinho cansados e, por isso, era preciso que houvesse uma ação mais concreta e que houvesse coragem para impedir o que tem sido o massacre da floresta e das comunidades que ali vivem”.

O eurodeputado Francisco Guerreiro, do PAN (Pessoas-Animais-Natureza), defendeu que a UE deve adotar uma “posição firme” e congelar o acordo assinado no final de junho com a Mercosul, levando o Brasil a adotar medidas contra a desflorestação.

“A UE tem um grande mercado no Brasil e, para nós, é evidente que a UE deve congelar esse acordo para que se crie um roteiro e um plano claro para parar o desmatamento e para regenerar a Amazónia”, acrescentou à Lusa, sugerindo o fim da importação de carne e soja do Brasil.

Isabel Santos, do PS, também notou que “o Brasil é um parceiro muito importante não só de Portugal como da UE”, pelo que, a seu ver, a União “não pode ficar indiferente num momento em que as questões do combate às alterações climáticas e a luta pela proteção do ambiente estão em cima da mesa”.

Para José Manuel Fernandes, do PSD, a solução passa pela cooperação “no sentido de combater as alterações climáticas e de proteger a floresta”.

“A UE tem obrigação de, também ela, cooperar em fundos e programas que ajudem a floresta em termos mundiais”, assinalou à Lusa, advogando a criação de “uma estratégia europeia para a floresta”.

Já segundo o eurodeputado João Ferreira (PCP), “os incêndios que devastaram a Amazónia nas últimas semanas justificam algum tipo de cooperação internacional, desde que respeitando a soberania do Brasil”.

“Para lá disso, o que fica à vista são as consequências que pode ter a desflorestação do ponto de vista de serem áreas que virão a ser ocupadas por agropecuária”, adiantou.

O eurodeputado Nuno Melo, do CDS-PP, realçou que “a desflorestação da Amazónia acontece desde os anos 1970”, considerando que o tema só ganhou visibilidade por Jair Bolsonaro ser Presidente do Brasil.

O centrista propôs que a UE “colabore com as autoridades dos diferentes países [abrangidos pela Amazónia] para mudar mentalidades e, assim, reduzir este fenómeno”, evitando “uma simples lógica punitiva que leve estes países a ter uma reação oposta”.

O Governo brasileiro, liderado por Jair Bolsonaro, foi fortemente questionado nas últimas semanas pela comunidade internacional por causa do ressurgimento de grandes ações de desflorestação e incêndios na Amazónia no território do Brasil.

Segundo dados oficiais provisórios, a destruição da floresta amazónica no Brasil praticamente duplicou entre janeiro e agosto de 2019, face ao mesmo período de 2018.

O Brasil registou 4.935 focos de queimadas na Amazónia brasileira nos oito primeiros dias de setembro, informou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que revela que desde o início do ano os incêndios aumentaram 47%.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, incluindo territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

O Inpe anunciou que a desflorestação da Amazónia aumentou 222% em agosto, em relação ao mesmo mês de 2018.

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