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EuroLLM: Europa já tem ‘ChatGPT’ próprio e tem dedo português

Depois do português Amália, chegou a vez da Europa ter o seu próprio ChatGPT. Já chegou o EuroLLM, totalmente gratuito e que visa capacitar pessoas e empresas.
4 Dezembro 2024, 08h20

A Europa possui, desde o início da semana, o seu próprio large language model (LLM) ou, como muitos lhe chama, o seu próprio ‘ChatGPT’. O objetivo do modelo de linguagem EuroLLM é reforçar a soberania da Europa na Inteligência Artificial e reduzir a diferença que se tem verificado com os blocos dos Estados Unidos e da China.

Mas uma das maiores curiosidades é que o EuroLLM-9B foi criado por mãos portuguesas da Unbabel, a plataforma portuguesa de Language Operations. Este LLM foi criado de raíz e consegue dar apoio aos 24 idiomas oficiais da União Europeia – entre os quais está o português -, uma vez que tem a sua base em extensos dados de treino no Centro de Supercomputação de Barcelona, o MareNostrum 5.

O EuroLLM vai conseguir tirar partido da infraestrutura europeia de computação de elevado desempenho para treino em grande escalada, a ter um desempenho superior ao da maioria dos modelos globais de dimensão semelhante.

De forma simples, é uma vitória para a Europa, uma vez que vai permitir que o bloco acelere o ritmo de inovação interna no domínio de IA.

“Estamos muito orgulhosos por lançar o EuroLLM. Este modelo ganhou vida graças ao trabalho incansável da nossa equipa para o desenvolver a uma velocidade vertiginosa e garantir a maior qualidade, através de uma filtragem cuidadosa dos dados”, considera André Martins, vice-presidente de IA de Investigação na Unbabel e Professor no Técnico.

Consideramos que este é um primeiro passo para colmatar o défice de inovação global e reforçar a soberania digital da Europa, que é mais importante agora do que nunca. É também uma história de sucesso para a rede europeia de supercomputação e para a forma como esta pode ajudar a fazer avançar a IA – uma prova de que é possível fazer coisas fantásticas através da colaboração aberta entre várias organizações. O modelo é totalmente aberto, pelo que encorajamos ativamente todos a utilizá-lo, melhorá-lo e desenvolver novas tecnologias com base nele”, indica, citado em comunicado.

O desenvolvimento do EuroLLM representa um passo significativo no esforço da Europa para liderar a inovação, nomeadamente em IA multilingue. Este projeto tem o objetivo de estabelecer um novo padrão para os LLM multilingues com mais precisão, eficiência e velocidade.

Outra curiosidade é que o EuroLLM é totalmente aberto e gratuito, para que qualquer pessoa individual, startup ou investidores possam utilizar a sua tecnologia. Objetivo é servir de motor de arranque para toda a inovação interna da União Europeia, bem como reduzir os obstáculos à entrada de pequenas empresas.

EuroLLM com futuro ambicioso

Mas os criadores do EuroLLM não querem ficar por aqui. Além de suportar as 24 línguas oficiais dos países da União Europeia, consegue perceber 11 idiomas adicionais, o que dá a entender que tem planos mais ambiciosos.

E o projeto quer avançar mais para o futuro com a preparação de novos modelos de maior dimensão e a intenção de expandir as suas capacidades, por forma a incluir competências de fala e visão.

Em todo o caso, o consócio dá prioridade à transparência e acessibilidade, tendo criado um modelo que se alinha com os valores fundamentais do bloco, assegurando que a Europa mantém o controlo sobre a infraestrutura crítica de IA.

Mas o modelo tem ambições muito maiores, especificamente impulsionar a inovação inclusiva em todo o continente, não discriminando quem o pode fazer. Isto é, como todos o podem utilizar, os serviços públicos e as empresas privadas podem desbloquear mais potencial com o EuroLLM.

Quem faz parte do consórcio?

Foram vários os parceiros a acrescentar valor a este projeto 100% europeu. Além da Unbabel e do Instituto Técnico, também o Instituto de Telecomunicações, a Universidade de Edimburgo e a Universidade Paris-Saclay participaram no consórcio.
Entre os parceiros estão também a Aveni, Universidade Sorbonne de Paris, a Naver Labs e a Universidade de Amesterdão. O projeto contou ainda com o apoio do Horizon Europe, criado especificamente dar apoiar a investigação e desenvolvimento da UE. 
O EuroLLM foi financiado por uma subvenção EuroHP Extreme Scale Access.
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