O cabeça de lista da CDU saudou hoje quem “conseguiu ver para lá da cortina de fumo” e contrariou “o pensamento único” votando na coligação, e recusou pronunciar-se sobre resultados, considerando que os dados são “muito incertos”.
Numa declaração num hotel lisboeta onde está a decorrer a noite eleitoral da CDU, João Oliveira agradeceu a quem fez a “opção corajosa” de votar na coligação, “contrariando o obscurantismo, o conformismo com que se procurava condicionar e aprisionar as consciências”.
“Não se deixaram condicionar pelo medo, pelos dogmas, sejam eles os do neoliberalismo ou do militarismo, ou pela lógica da política de confrontação como única saída para as relações entre os povos”, disse.
Para João Oliveira, com o voto na CDU, os portugueses rejeitaram “visões e conceções do pensamento único” e não se deixaram condicionar pelas “opções de voto na já conhecida bipolarização artificial”.
“O voto na CDU nestas eleições para o Parlamento Europeu é de facto um voto de quem conseguiu ver para lá da cortina de fumo, de quem conseguiu ir para lá das manipulações, da promoção do preconceito, da mentira utilizada”, disse.
Numa alusão a um artigo do jornal ‘online’ Politico, publicado na última quinta-feira e que indicava que os dois eurodeputados do PCP não tinham votado a favor de nenhuma resolução de condenação da Rússia – caracterizando-os como “melhores amigos” de Moscovo -, João Oliveira considerou que a coligação foi alvo de “campanhas abjetas de mentira, de falsificação, de deturpação e ofensa às suas posições”, incluindo utilizando “meios internacionais”.
João Oliveira considerou que o intuito desse artigo foi não só o de “atacar a CDU, mas sobretudo condicionar os seus posicionamentos para que eles deixem de ser o que sempre foram”.
“Tivessem os deputados da CDU votado a favor das sanções, do envio de armas, da continuação da guerra e não havia ‘rankings’ em que os deputados da CDU aparecessem”, disse, lamentando que não se façam “rankings do trabalho feito para defender o povo e o país”.
Questionado se considera que a possível não eleição de dois eurodeputados – conforme adiantam as projeções das televisões – pode ser interpretada como uma derrota, o candidato recusou pronunciar-se já, salientando que os dados que tem são ainda “muito poucos e muito incertos”.
“Mas posso dar a garantia que estaremos, com a força que o povo nos der, continuaremos a travar a luta com os mesmos objetivos, enfrentando as dificuldades, aproveitando as facilidades que eventualmente apareçam, mas continuaremos exatamente com a mesma determinação a lutar por uma política que dê resposta às necessidades do nosso povo e país”, disse.
Questionado se, perante o declínio eleitoral da CDU, a coligação não deve repensar a sua estratégia, João Oliveira respondeu que também já houve anteriormente uma “trajetória ascendente”.
“Essa questão das trajetórias é sempre uma questão de saber quando é que se consegue dar o impulso para virar o tabuleiro ao contrário”, disse.
No entanto, o candidato reconheceu que, nestas eleições, caso a CDU tivesse mais força, estaria “naturalmente em melhores condições de defender os trabalhadores e o povo”.
João Oliveira saudou os “milhares” de ativistas da CDU que estiveram envolvidos na campanha, considerando que conseguiram “abrir consciências” e “produzirá os seus efeitos muito para lá do próprio resultado da eleição”.
“A luta dos trabalhadores e do povo, depois desta intensa campanha eleitoral e de abrir consciências por todo o país, já parte de um ponto mais avançado do que aquilo que partíamos antes da campanha eleitoral”, referiu, acresentando que “a luta pelo país vai continuar”.
Interrogado se, caso se confirme que a CDU não elege dois eurodeputados, assume isso como uma derrota pessoal, João Oliveira respondeu: “Se tivéssemos tido um grande reforço, isso também não havia de ser obra minha, portanto acho que o critério é exatamente o mesmo”.
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