O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, cuja coligação europeísta ganhou hoje as eleições para o Parlamento Europeu, defendeu que esta vitória significa uma “luz de esperança para a Europa”, marcando igualmente a primeira numa década no seu país.
“Esperámos exatamente dez anos pelo primeiro lugar no pódio. Estou feliz. Temos o direito de estar felizes e emocionados”, declarou Tusk, após a divulgação das primeiras projeções, que atribuem 38,2% dos votos à sua Plataforma Cívica (PO).
Trata-se da primeira vitória desta força liberal pró-europeia numa década dominada pelos ultraconservadores nacionalistas da Lei e Justiça (PiS), que, apesar de terem vencido as últimas legislativas, em 15 de outubro, não alcançaram maioria parlamentar face a uma coligação pós eleitoral de oposição, liderada por Tusk.
O antigo presidente do Conselho Europeu sustentou hoje que, embora os eleitores esperassem mais resultados do seu governo e dos “tempos visíveis”, estes “lindos meses” não foram desperdiçados desde 15 de outubro, uma data em que “os polacos mostraram como é importante a democracia”.
Para o atual chefe do Governo, que, desde que chegou ao poder, iniciou uma rota de aproximação com Bruxelas, após grandes divergências entre o executivo comunitário e o anterior governo do PiS, a vitória hoje do PO tem “uma dimensão mais ampla” do que aquela que ditou a mudança nas legislativas.
“Confirmamos que a democracia, a honestidade e o altruísmo são importantes. Mostrámos que somos uma luz de esperança para a Europa. Temos eurodeputados competentes e honestos, e não aqueles que queriam escapar à justiça”, disse Tusk.
Segundo as primeiras projeções divulgadas na Polónia às 21:00 locais (20:00 em Lisboa), o PO obtém 38,2%, elegendo 21 eurodeputados, enquanto o PiS alcança 33,9% e 19 mandatos.
A grande distância das duas principais forças políticas polacas está a Confederação (extrema-direita), com 11,9% e seis eurodeputados.
Os democratas-cristãos da Terceira Via seguem logo atrás, atingindo 8,2% e quatro mandatos, e a Esquerda alcança apenas 6,6% e três representantes.
No total, estes dois partidos e o PO de Tusk, que formam a coligação no governo, totalizam 53% e 28 mandatos, um resultado superior à soma de 45,8% e 25 eleitos da oposição do PiS e da Confederação.
Nenhum outro partido ultrapassou o limite de elegibilidade de 5%.
A elevada abstenção de 61% acabou por beneficiar os partidos europeístas, já que muitos eleitores das regiões rurais, tradicionalmente fiéis às forças conservadoras e eurocéticas, não foram votar.
Estas eleições europeias marcam uma inversão de tendência nos últimos dez anos na Polónia, em que o PiS, liderado pelo dirigente histórico Jaroslaw Kaczynski, surge pela primeira vez como partido derrotado.
O líder do PiS reconheceu a sua deceção com os resultados, mas indicou esperança de melhorá-los nos próximos desafios, já a começar nas presidenciais no próximo ano.
“Sabemos o que fazer para aumentar este resultado. Vamos unir-nos e não há dúvida de que o caminho para a vitória nas eleições mais importantes, primeiro as presidenciais e depois as parlamentares, está aberto”, declarou.
A campanha eleitoral foi inteiramente dominada pelo tema da segurança militar, económica e energética, cuja importância é reconhecida por 95% dos polacos, segundo as sondagens, e por toda a classe política da Polónia, país membro da NATO e da UE, vizinho da Rússia e que está entre os mais fortes apoiantes de Kiev.
A Polónia presidirá à UE no primeiro semestre de 2025, sucedendo à Hungria.
No total, cerca de 361 milhões de eleitores dos 27 países da UE foram chamados a escolher a composição do próximo Parlamento Europeu, elegendo 720 eurodeputados, mais 15 que na legislatura anterior. A Portugal cabem 21 lugares no hemiciclo.
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