[weglot_switcher]

Eurovisão: Espanha, Irlanda e Países Baixos confirmam saída do festival

“A RTVE retira-se do Festival Eurovisão”, lê-se num comunicado da estação pública espanhola que explica que também não transmitirá a final da edição de 2026 do concurso, prevista para 16 de maio em Viena, nem as semifinais, marcadas para 12 e 14 do mesmo mês.
Espanha
4 Dezembro 2025, 18h58

As televisões públicas de Espanha, Irlanda e dos Países Baixos confirmaram hoje a saída do Festival Eurovisão da Canção, depois de a União Europeia de Radiodifusão (UER) ter decidido manter a participação de Israel.

“A RTVE retira-se do Festival Eurovisão”, lê-se num comunicado da estação pública espanhola que explica que também não transmitirá a final da edição de 2026 do concurso, prevista para 16 de maio em Viena, nem as semifinais, marcadas para 12 e 14 do mesmo mês.

“O Conselho de Administração da RTVE acordou no passado mês de setembro que Espanha se retiraria do Eurovisão se Israel fizesse parte”, lembra a estação espanhola, no mesmo comunicado.

O secretário-geral da RTVE, Alfonso Morales, citado no comunicado, “reconhece e valoriza” as medidas adotadas pela EBU para defender os princípios e valores centrais do festival, no entanto, a televisão espanhola considera que são insuficientes.

“A situação em Gaza, apesar do cessar-fogo e a aprovação do processo de paz, e a utilização do certame para objetivos políticos por parte de Israel, tornam cada vez mais difícil manter a Eurovisão como um evento cultural neutro”, acrescenta Alfonso Morales.

Espanha é o primeiro país do grupo conhecido como “Big 5” a anunciar este boicote.

Fazem parte dos “Big 5” as televisões públicas que contribuem com mais verbas para a União Europeia de Radiodifusão e, assim, para a organização do Festival Eurovisão da Canção.

Os “Big 5” são Espanha, Reino Unido, França, Alemanha e Itália e as canções destes países têm acesso direto à final em cada edição do festival.

Também a televisão neerlandesa AVROTROS informou, num comunicado, que “não participará no Festival Eurovisão da Canção 2026”.

A AVROTROS lembra a “violação de valores universais como a humanidade e a liberdade de imprensa” no território palestiniano de Gaza por parte de Israel no último ano, “mas também a interferência política durante a edição anterior do Festival Eurovisão da Canção”, considerando que “ultrapassou os limites”.

A televisão pública irlandesa RTÉ anunciou igualmente que não participará nem transmitirá o festival do próximo ano.

“Após a Assembleia Geral de Inverno da UER, realizada hoje em Genebra, na qual foi confirmada a participação de Israel no Festival Eurovisão da Canção de 2026, a posição da RTÉ permanece inalterada. A RTÉ não participará no Festival Eurovisão da Canção de 2026, nem transmitirá o concurso”, lê-se no comunicado publicado pela televisão pública.

A RTÉ considera impossível a Irlanda participar no concurso, “dadas as terríveis perdas de vidas em Gaza”, “a crise humanitária que continua a pôr em perigo a vida de tantos civis”, “o assassinato seletivo de jornalistas”, durante o conflito, “e a contínua negação de acesso ao território a jornalistas internacionais”.

Israel poderá participar no Festival Eurovisão da Canção 2026, caso assim entenda, foi hoje decidido durante a assembleia-geral da União Europeia de Radiodifusão, a decorrer na Suíça.

De acordo com um comunicado da UER (ou EBU, na sigla em inglês), “todos os membros da UER que desejem participar no Festival Eurovisão da Canção 2026 e concordem em cumprir as novas regras são elegíveis para participar”.

Os membros da UER, estações públicas de vários países europeus, votaram hoje, em escrutínio secreto, sobre se “estavam suficientemente satisfeitos com as novas medidas e salvaguardas anunciadas no mês passado, sem votar sobre a participação no evento do próximo ano”.

“A grande maioria concordou que não era necessário realizar uma nova votação sobre a participação e que o Festival Eurovisão da Canção 2026 deveria decorrer como previsto, com as salvaguardas adicionais em vigor”, lê-se no comunicado.

Após a votação de hoje, as estações públicas dos vários países deverão confirmar a sua participação na edição de 2026.

De acordo com a UER, “a lista completa dos participantes na edição do 70.º aniversário do Festival Eurovisão da Canção será anunciada antes do Natal”.

Alguns países europeus, entre os quais Eslovénia, Espanha, Irlanda, Islândia e Países Baixos, tornaram público nos últimos meses que ponderam boicotar a edição de 202, caso Israel participe no concurso.

O Festival Eurovisão da Canção é organizado pela UER em cooperação com operadores públicos de mais de 35 países, entre os quais a RTP.

O concurso realiza-se anualmente desde 1956 e já houve países excluídos, caso da Bielorrússia, em 2021, após a reeleição do presidente Aleksandr Lukashenko, e da Rússia, em 2022, após a invasão da Ucrânia.

Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar, em 1973, e ganhou quatro vezes.


Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.