A possibilidade da explosão em Beirute ter sido causada por uma interferência externa ainda não foi descartada pelo governo libanês, de acordo com as autoridades do país.
Segundo o presidente do Líbano, Michel Aoun, apesar de ainda não terem sido apuradas as causas das duas explosões na zona portuária de Beirute, que na passada terça-feira, causaram 157 mortes, mais de quatro mil feridos e abriu uma cratera de 123 metros no meio da capital, existe uma possibilidade de um ator externo estar envolvido no acidente.
“A causa ainda não foi determinada. Existe a possibilidade de interferência externa através de um míssil ou bomba ou outro ato semelhante”, cita a “Reuters”, as declarações do chefe de Estado do país aos jornalistas.
Before/After satellite image over Beirut, #Lebanon 🇱🇧 taken by Pléiades satellites🛰
— Airbus Space (@AirbusSpace) August 5, 2020
Before: 25 Jan. 2020
After: 5 Aug. 2020
Copyright @Cnes/@AirbusSpace pic.twitter.com/YdgJ8UY2PF
A tese já tinha sido defendida no outro lado do Atlântico. A Casa Branca confirmou que não exclui a hipótese de ataque em Beirute. Donald Trump, que nas primeiras horas após as explosões falava do detonação de “uma bomba de algum tipo” em Beirute, elaborou: “Posso dizer que o que aconteceu, não importa como, é terrível. Mas eles não sabem realmente o que foi. Ninguém sabe ainda”. E prosseguiu: “Eu ouvi as duas coisas. Ouvi que foi um acidente e ouvi que eram explosivos“.
Desde o inicio das investigações já foram detidas 16 pessoas e interrogadas outras 18, segundo a o comissário do Tribunal Militar, Fadi Akiki citado, esta quinta-feira, pela “Agência Nacional de Notícias do Líbano”. Todas elas são responsáveis do porto e das alfândegas, bem como funcionários encarregados da manutenção do hangar em que as 2.750 toneladas de nitrato de amónio estiveram armazenadas durante anos.
A notícia surgiu pouco depois de se saber que o nitrato de amónio na origem da explosão estava há cerca de seis anos depositado num navio ancorado mas abandonado no porto de Beirute. Segundo a “Rádio Pública dos Estados Unidos” (NPR), a situação estava identificada e diversas queixas tinham já chegado às autoridades competentes. Apesar disso, nada foi feito. E o caso seria até conhecido no gabinete do ex-primeiro-ministro Saad Hariri, segundo disse fonte dos serviços de alfândega do Líbano à “Associated Press”.
Logo na terça-feira, momentos após a explosão, uma investigação preliminar teorizou que as explosões podem ter sido detonadas com as faíscas emitidas durante a soldadura de um buraco naquele armazém. O nitrato de amónio, sobretudo quando contaminado com outras substâncias, tem um alto risco de explosão quando exposto a altas temperaturas (260 a 300 graus Celsius quando fechado num contentor) e emite gases potencialmente tóxicos nessas circunstâncias.
Manifestantes protestam contra o governo junto ao Parlamento
Nas ruas começaram imediatamente a surgir protestos contra a corrupção no país. Segundo a televisão estatal libanesa, as pessoas perguntam porque é que 2.750 toneladas de fertilizante com características explosivas contidas no porão de um navio parado ficaram tanto tempo contidas num contentor a poucos quilómetros de centro de Beirute.
A televisão britânica “ITV” noticiou que as autoridades libanesas lançaram gás lacrimogéneo para dispersar as dezenas de manifestantes.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com