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Explosão em Beirute. Presidente do Líbano não exclui “possibilidade de interferência externa”

O presidente do país não descarta para já essa possibilidade, indicando que as duas explosões poderão ter sido resultado ou de um míssil ou bomba. Nas ruas, dezenas de manifestantes exigem explicações e acusam o governo de corrupção.
  • REUTERS/ Mohamed Azakir
7 Agosto 2020, 14h07

A possibilidade da explosão em Beirute ter sido causada por uma interferência externa ainda não foi descartada pelo governo libanês, de acordo com as autoridades do país.

Segundo o presidente do Líbano, Michel Aoun, apesar de ainda não terem sido apuradas as causas das duas explosões na zona portuária de Beirute, que na passada terça-feira, causaram 157 mortes, mais de quatro mil feridos e abriu uma cratera de 123 metros no meio da capital, existe uma possibilidade de um ator externo estar envolvido no acidente.

“A causa ainda não foi determinada. Existe a possibilidade de interferência externa através de um míssil ou bomba ou outro ato semelhante”, cita a “Reuters”, as declarações do chefe de Estado do país aos jornalistas.

A tese já tinha sido defendida no outro lado do Atlântico. A Casa Branca confirmou que não exclui a hipótese de ataque em Beirute.  Donald Trump, que nas primeiras horas após as explosões falava do detonação de “uma bomba de algum tipo” em Beirute, elaborou: “Posso dizer que o que aconteceu, não importa como, é terrível. Mas eles não sabem realmente o que foi. Ninguém sabe ainda”. E prosseguiu: “Eu ouvi as duas coisas. Ouvi que foi um acidente e ouvi que eram explosivos“.

Desde o inicio das investigações já foram detidas 16 pessoas e interrogadas outras 18, segundo a o comissário do Tribunal Militar, Fadi Akiki citado, esta quinta-feira, pela “Agência Nacional de Notícias do Líbano”. Todas elas são responsáveis do porto e das alfândegas, bem como funcionários encarregados da manutenção do hangar em que as 2.750 toneladas de nitrato de amónio estiveram armazenadas durante anos.

A notícia surgiu pouco depois de se saber que o nitrato de amónio na origem da explosão estava há cerca de seis anos depositado num navio ancorado mas abandonado no porto de Beirute. Segundo a “Rádio Pública dos Estados Unidos” (NPR), a situação estava identificada e diversas queixas tinham já chegado às autoridades competentes. Apesar disso, nada foi feito. E o caso seria até conhecido no gabinete do ex-primeiro-ministro Saad Hariri, segundo disse fonte dos serviços de alfândega do Líbano à “Associated Press”.

Logo na terça-feira, momentos após a explosão, uma investigação preliminar teorizou que as explosões podem ter sido detonadas com as faíscas emitidas durante a soldadura de um buraco naquele armazém. O nitrato de amónio, sobretudo quando contaminado com outras substâncias, tem um alto risco de explosão quando exposto a altas temperaturas (260 a 300 graus Celsius quando fechado num contentor) e emite gases potencialmente tóxicos nessas circunstâncias.

Manifestantes protestam contra o governo junto ao Parlamento

Nas ruas começaram imediatamente a surgir protestos contra a corrupção no país. Segundo a televisão estatal libanesa, as pessoas perguntam porque é que 2.750 toneladas de fertilizante com características explosivas contidas no porão de um navio parado ficaram tanto tempo contidas num contentor a poucos quilómetros de centro de Beirute.

A televisão britânica “ITV” noticiou que as autoridades libanesas lançaram gás lacrimogéneo para dispersar as dezenas de manifestantes.

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