Os riscos existem, fazem parte do negócio e têm que ser identificados, avaliados e mitigados e, para isso, existem instrumentos de gestão. “Não podemos arriscar sem planeamento”, afirmou João Safara, administrador do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ), esta quarta-feira 18 de novembro, no painel Risk Assessment na Exportação, no evento Portugal Exportador, do qual o Jornal Económico é media partner. Justificou: “Ao longo dos anos temos visto empresas com grandes objetivos de exportação e de internacionalização, que deram um fiasco. Os riscos estavam lá – estão lá sempre – infelizmente não foram vistos com detalhe, foram vistos apenas como meros acontecimentos que só acontecem aos outros”.
O que é obrigatório para uma pequena e média empresa minimizar o risco? “Fazer as devidas ‘frameworks’”, “ouvir todos os intervenientes”, “tentar usar parcerias locais (para empresas que tem de por pessoas fora)”, “gerir com todo o cuidado”, “usar joint ventures”, “usar parceiros”, “falar com colegas de outras empresas que já tiveram contactos com esses mercado e ver o que falhou” e – last but not least – “pensar que em termos de uma crise sanitária todos esses riscos se vão multiplicar”.
André Magrinho, Adjunto do Presidente na Fundação AIP, moderou o painel Risk Assessment na Exportação, na 15.ª edição do Portugal Exportador. Começou por sinalizar riscos de todas as formas e feitios: políticos, relacionados com a exposição acionista ou dos colaboradores, por exemplo; riscos económicos, como o crescimento da economia, o crédito, o cibercrime, que ganha hoje uma importância acrescida, a inflação, as taxas de câmbio, a propriedade intelectual; riscos operacionais como de infraestruturas e regulação; e riscos competitivos, sobretudo relacionados com a lógica do negócio.
Depois explicou que “face à complexidade e às múltiplas incertezas crescentes na economia internacional”, as empresas portuguesas em processos de exportação e de internacionalização, “enfrentam atualmente riscos acrescidos”, que podem, muitas vezes, “colocar em causa a sua própria sustentabilidade, caso não sejam antecipados e mitigados por via de seguros e de outros instrumentos de gestão de risco”.
João Paulo Carvalho, administrador da Quidgest, empresa que usa a inteligência artificial e a modelagem para criar soluções críticas de software para empresas e os governos em todos os domínios essenciais no processo de transformação digital em marcha juntou os riscos reputacionais e da segurança da informação aos riscos associados à exportação e à continuidade do negócio.
Salientou a necessidade de criar resistência ao risco. “A resistência constrói-se através de uma boa identificação e de uma boa medição dos seus impactos, das suas probabilidades de ocorrência e de um processo de minimização e de aceitação dos riscos consciente”, que leve o negócio para a frente e não provoque de repente uma descontinuidade.
Rui Tavares, Head of Marine Department (Transportes) na quase centenária e especialista em seguro de mercados transportadas VICTORIA Seguros, defendeu que o seguro “deveria ser uma condição ao próprio processo de exportação e de internacionalização de tal forma é crítico para o êxito da operação. “Deve ser algo que as empresas tenham no seu dossiê prévio no processo de exportação”, adiantou.
Nesse sentido, salientou a necessidade das empresas tratarem o seguro como um bem essencial. No caso concreto da exportação de bens e mercadorias não encarar esta ferramenta nessa perspetiva “pode vir a ser no futuro uma decisão muito errada”, que pode inclusivamente “deitar abaixo uma empresa que já vem com alguma fragilidades fruto desta crise que atravessamos”.
Daniel Arci, Head of Legal Department da Transitex, empresa que disponibiliza soluções de operação logística e de armazéns, salientou a importância de uma abordagem integrada no negócio. “Não basta fazer o frete, tivemos que dar um passo atrás e perceber o negócio dos nossos clientes, aquilo que produzem, que carregam, para mitigação das perdas”. Na sequência desta análise Transitex criou um Departamento de Prevenção de Perdas.
A empresa, que tem unidades no Freixieiro e em Elvas e está presente em 21 países, oferece uma plataforma que permite à empresa estar acompanhada ao longo do processo, desde o início até ao terminus. “Não adianta só ajudar o exportador aqui, precisamos ajudá-lo lá (no lugar de destino) também, porque o risco chega até qualquer lugar do mundo. O risco é multiplicado até ao momento em que a mercadoria é entregue e não existia outra forma a não ser internacionalizar o nosso serviço e a nossa empresa”, concluiu Daniel Arci.
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