Em entrevista ao Jornal Económico, o ‘Country Managing Partner’ da EY fala dos objetivos da firma e faz um balanço positivo da aplicação das novas regras de auditoria, que entraram em vigor no ano passado. Recorde-se que, de entre as chamadas ‘big four’ – EY, Deloitte, PwC e KPMG -, a firma liderada por João Alves foi quem mais ganhou com a “dança de cadeiras” nos contratos de auditoria das grandes empresas, vencendo seis da oito consultas ao mercado que são do conhecimento público (Caixa, Altri, Cofina, F. Ramada, Corticeira Amorim e Jerónimo Martins).
O mercado da auditoria e da consultoria está a sofrer importantes mudanças, devido a alterações regulatórias e também à evolução tecnológica. Como se está a posicionar a EY perante estes desafios?
A leitura da EY é que o mundo está em mudança acelerada e que todas as empresas, incluindo as de serviços profissionais, têm de ser ágeis a adaptar-se. Relativamente ao ambiente regulatório, vemos a evolução recente como um processo normal. Tendo o legislador – originalmente, a Comissão Europeia – sido claro quanto à intenção de promover mais confiança nos mercados financeiros, e sem prejuízo de a atividade de auditoria já ser fortemente regulada no passado, a posição da EY é de apoio às alterações que contribuam para credibilizar e valorizar o papel dos auditores. Assim, envolvemo-nos desde cedo no processo de discussão, partilhámos o nosso conhecimento e experiência com os reguladores e preparámo-nos atempadamente para cumprir as novas regras e para podermos dar resposta às necessidades do mercado.
No que respeita à revolução digital em curso, esta é uma matéria que a EY está a levar muito a sério, tanto pelo impacto no negócio dos nossos clientes como pelo impacto na nossa própria atividade. A título de exemplo, a EY está a caminho de se tornar a empresa com maior utilização, a nível global, de processamento automatizado – ‘robotics’ – como forma de aumentar a eficiência das nossas equipas. Em resultado desta capacidade adicional, estamos a identificar novas oportunidades para oferecer ‘managed services’ aos nossos clientes, partilhando com eles o nosso conhecimento e ganhos de eficiência.
A mudança na lei da auditoria, obrigando à rotação, gerou uma dança de cadeiras nas grandes empresas. A EY tem agora contratos com algumas empresas que durante anos estiveram com outras firmas, como é o caso da CGD. Ao mesmo tempo cederam o lugar noutras empresas. Como é que vê este processo, agora que as consequências da nova legislação começam a ser mais visíveis?
Apesar de 2016 ter sido o apenas primeiro ano de aplicação prática das novas regras, coincidiu com o final de vários mandatos de auditoria em entidades de interesse público. Daqui resultou o lançamento quase em simultâneo de algumas consultas ao mercado. É de assinalar o facto de se ter conseguido uma implementação em Portugal praticamente em pleno do novo regulamento logo no seu primeiro ano de aplicação.
Têm conquistado novos clientes na banca e outros setores…
De um ponto de vista comercial, a EY é a firma que mereceu a confiança de mais entidades de interesse público do nosso mercado em processos de rotação obrigatória de auditores, um resultado que muito nos orgulha e que constitui uma motivação adicional para os nossos profissionais. Das oito consultas de entidades de interesse publico que vieram ao mercado, vencemos seis. No entanto, este sucesso envolveu muito investimento, formação e trabalho prévio das nossas equipas, que desde há alguns anos se estavam a preparar. Tivemos a preocupação de desenvolver capacidade de resposta para o aumento de procura que se avizinhava, conseguindo assim acolher novos projetos sem prejudicar a qualidade de serviço à nossa base de clientes anterior.
Quais são as grandes prioridades da EY para 2017 e 2018?
A EY tem vindo a crescer a uma média anual superior a 10% desde 2009, sendo nossa ambição prolongar este ritmo de crescimento pelo menos até 2020. Para o conseguirmos, estamos determinados em alargar a nossa oferta de serviços, apostar na transversalidade das nossas ofertas e investir na inovação. Estamos a investir em áreas críticas para o futuro, como a cibersegurança, ‘data analytics’, ‘robotic process automation’, ‘business intelligence’ e ‘digital strategy’. Também vamos reforçar as áreas em que já somos reconhecidos, melhorando a nossa eficiência interna com a utilização de ferramentas digitais e usando a especialização por setores de indústria para nos diferenciarmos no mercado. A nossa ferramenta global de auditoria já permite que os nossos auditores se concentrem nas áreas de maior risco e em tarefas de maior valor acrescentado. Na vertente fiscal, temos soluções que permitem a automatização de várias áreas de ‘compliance’, incluindo a recuperação de IVA, com a capacidade de analisar e validar dezenas de milhares de transações por hora. Aproveito para realçar que a inovação numa área considerada tradicional como a fiscalidade, contribuiu para sermos nomeados recentemente Portugal Tax Firm of the Year – 2017 na cerimónia dos European Tax Awards em Londres.
Também vamos continuar a implementar em Portugal parcerias estratégicas definidas a nível global com empresas globais de tecnologia, através das quais conjugamos o conhecimento das nossas equipas de consultoria de gestão com algumas das melhores soluções tecnológicas disponíveis.
Estão a reforçar a equipa? Se sim, em que áreas?
Estamos claramente a reforçar a equipa. Nos últimos três anos aumentamos em 54% o número de colaboradores, tendo recentemente ultrapassado a fasquia dos 1.000. Para 2018 já concluímos o processo de recrutamento de mais de uma centena de jovens, que se juntarão a nós em Setembro, e estamos sempre atentos à oportunidade de recrutar recursos com experiência em áreas relevantes para as nossas ambições.
Acreditamos que a resposta certa a um mundo cada vez mais complexo é rodearmo-nos de pessoas com as competências, a paixão pela resolução de problemas e a capacidade de inovação que nos permitam continuar a ser relevantes no mercado. Assim, o nosso recrutamento é cada vez mais diversificado. Continuamos a procurar licenciados em economia e gestão, mas apostamos cada vez mais em competências na vertente digital e em diferentes áreas de engenharia, contando já com colaboradores oriundos de dezenas de licenciaturas diferentes, do direito à biotecnologia.
Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.
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