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Fábrica da Hovione no Seixal entra na última fase de obras e arranca em 2027

Para o presidente executivo da Hovione, Jean-Luc Herbeaux, “não se trata bem de um atraso. Quando as empresas anunciam investimentos como este, é mais uma ambição”, disse em entrevista à Lusa, garantindo que não havia um calendário definido.
18 Março 2025, 10h49

A construção da fábrica da Hovione no Seixal, estimada em 200 milhões de euros, vai entrar na última etapa de desenvolvimento, com o presidente executivo da farmacêutica portuguesa a prever que a produção comece em 2027.

O complexo industrial, com uma área de cerca de 40 hectares, foi anunciado em 2019, mas com a avalancha de investimentos no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência(PRR) que causou constrangimentos na oferta e nos custos de mão-de-obra e materiais de construção, acabou por demorar mais do que o esperado.

Para o presidente executivo da Hovione, Jean-Luc Herbeaux, “não se trata bem de um atraso. Quando as empresas anunciam investimentos como este, é mais uma ambição”, disse em entrevista à Lusa, garantindo que não havia um calendário definido.

Além disso, descartou qualquer impacto nos resultados com esta demora, uma vez que têm criado “capacidade” noutros locais.

“Fizemos as coisas de forma faseada”, detalhou o responsável da multinacional portuguesa com sede em Loures.

A primeira etapa passou pela construção de infraestruturas envolventes, como estradas. “Depois, avançámos para os elementos estruturais dos edifícios”, e a terceira fase, e última, “consiste em colocar o equipamento e finalizar o projeto” que deverá arrancar a produção em pleno em 2027 e criar pelo menos 100 postos de trabalho qualificados, acrescentou.

“Estas são as fases que temos para este projeto. Agora vamos elevar estes edifícios a um nível em que possam efetivamente produzir substâncias medicamentosas, produtos farmacêuticos e produtos intermédios para os nossos clientes”, apontou.

Jean-Luc Herbeaux explicou ainda que a nova fábrica vai ser a casa para a expansão de várias áreas de negócio do grupo, como o desenvolvimento de tecnologia de engenharia de partículas (‘spray drying’ no termo técnico em inglês) e a transformação das mesmas em comprimidos e cápsulas.

Com a abertura do Campus Hovione Tejo, no Parque Industrial da Baía do Tejo, a multinacional passa a produzir em cinco unidades distribuídas por três continentes: duas em Portugal (Loures e Seixal), uma na Irlanda (Cork), uma nos Estados Unidos (New Jersey) e uma em Macau.

New Jersey foi, aliás, uma das localizações alvo do reforço da capacidade de produção da empresa enquanto a fábrica no Seixal não fica operacional.

“O mercado dos EUA está em alta. E, como se sabe, para as empresas norte-americanas é mais fácil trabalhar com localizações nos EUA”, exemplificou.

“A maioria das empresas farmacêuticas, mesmo as europeias, tentam lançar-se primeiro nos EUA porque é um mercado propício à inovação e também com um retorno mais rápido do investimento, porque o preço dos medicamentos não é tão regulamentado como na Europa”, lembrou.

Apesar de não revelarem números da operação, incluindo receitas, o responsável adiantou que o mercado norte-americano tem um peso de 60% nas contas da empresa.

Questionado sobre o impacto das tarifas que a Administração Trump tem vindo a implementar, Jean-Luc Herbeaux comentou que “ainda é muito cedo para dizer”.

“Estamos a acompanhar a situação, claro, e as políticas comerciais. Mas, nesta fase, não existem tarifas oficiais sobre produtos farmacêuticos entre os EUA e a União Europeia”, disse o responsável.

“De momento, tentamos não especular sobre os resultados, sobre o que poderá acontecer. A premissa com que trabalhamos sempre com os nossos clientes é a de que estamos totalmente empenhados em garantir o fornecimento contínuo de medicamentos”, concluiu.

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